O preço do leite caiu pelo quarto mês consecutivo em setembro. A demanda fraca e o aumento da produção são os motivos da queda de 30% em um ano. A queda no consumo é o principal motivo para o preço do leite vir diminuindo mês a mês.
“O consumidor está fragilizado com a redução do poder de compra, está racionalizando melhor os gastos e comprando menos produtos que não são tão essenciais. É o caso dos lácteos”, diz Natália Grigol, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O litro do leite entregue em agosto e recebido em setembro ficou cotado em R$ 1,08 na “média Brasil” do Cepea, que leva em conta os principais estados produtores. A queda foi de 6,16% na comparação com o mês anterior. Em um ano, o recuo foi de 30,6%.
O aumento da oferta de leite nos últimos meses também levou ao recuo do preço pago ao produtor.
“No Sul do país, a gente já vê a produção retomando e aumentando muito em relação ao ano passado. Se a gente compara a média dos primeiros oito meses, de janeiro a agosto de 2016 com janeiro a agosto de 2017, dá uma alta de mais de 14%”, afirma Natália.
O pecuarista Renato Peterle produz leite em Charqueada, no interior de São Paulo. Para driblar a queda do preço, ele trabalha para reduzir o custo com a ração das vacas.
“Nós mesmos produzimos nossa ração. A gente compra a soja, o milho, o núcleo, a ureia e batemos. O que nos ajudou foi a ração. Diminuiu bastante o custo”, diz ele.
Mesmo com o preço baixo, o produtor diz que a situação está um pouco melhor que a do ano passado, quando os grãos em alta reduziram a margem da atividade. Mas ele confessa que só consegue tocar o negócio porque não tem custo com mão de obra.
“Hoje eu conto com a minha família, o que diminui bastante os custos. Porque, se fosse pagar funcionário, a gente podia fechar as portas, como estão acontecendo com muitos por aí.”
Com a volta das chuvas e melhora das pastagens, a produção de leite tende a aumentar a partir deste mês. Mas não se sabe quando a demanda vai reagir.
“É complicado. O cenário continua bastante complicado. Na opinião dos agentes que nós consultamos, novas quedas devem vir nos próximos meses”, alerta a pesquisadora do Cepea.