O produtor brasileiro tem reclamado da queda no preço da soja nos últimos anos. Diferentemente de momentos de pico, a expectativa é de que a cotação se mantenha próxima aos US$ 10 por bushel por agora. As cinco colheitas consecutivas com bons rendimentos em todo o mundo e a desvalorização do real frente ao dólar ajudam a entender o panorama geral do grão para o agricultor nacional. Mas as notícias não são de todo mal: a demanda de consumo instalada no mundo e a crescente procura por proteína animal na China vão sustentar as cotações futuras para o produto. Essa é a opinião do analista de mercado da SIM Consult Liones Severo, entrevistado deste domingo, dia 22, do programa Direto ao Ponto.
Segundo o especialista, entre 2007 e 2014 os preços da soja ficaram com frequência acima de US$ 10 por bushel, com pico de US$ 18. Mas, com a desvalorização do real frente ao dólar a partir de 2015, a Bolsa de Chicago não apresentou os mesmos patamares com igual regularidade. Severo ressalta que, mesmo durante o período de alta, o consumo não diminuiu – e isso não vai ocorrer, segundo ele. “Nunca tinha acontecido de haver haver safra cheia em cinco anos consecutivos, como agora. Sempre tinham perdas a cada três ou quatro anos. A produção mundial aumentou 115 milhões de toneladas nesse período e a demanda absorveu completamente essa quantidade. É estreita a relação de oferta e demanda. A demanda vai continuar crescendo de 7% a 9%, e não vamos produzir mais”, afirma o analista para explicar como isso pode favorecer a manutenção nos preços e dar segurança ao produtor.
Para Severo, apenas uma grande quebra de safra, principalmente na Argentina, pode alterar o cenário de estabilidade nos preços. Assim, a dica para o produtor brasileiro é não se preocupar em vender a soja adiantada. “Precisa vender quando estiver dando benefício”, recomenda.
Melhora na logística
A necessidade constante da China por soja fez com que o Brasil investisse em melhorias na logística para exportação. O principal ponto foram os portos, de acordo Liones Severo. “O Brasil tem uma posição privilegiada. Navios chegam e carregam, houve incremento na frota de navios comerciais que viajam para a China. Não precisa ficar na fila esperando. Isso também contribui para que o produtor não venda tão adiantado. Fluxo de carregamento melhorou, quase igual ao americano. Somos competentes do porto para fora”. Mesmo assim, ele admite que são necessários mais investimentos, principalmente no setor de ferrovias.