As mais recentes chuvas na área de atuação da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), do sul de Minas, ocorreram nos últimos dez dias de setembro. Com isso, as lavouras, até então submetidas a um intenso estresse hídrico e térmico, responderam ao estímulo provocado pelas águas com a abertura de uma grande florada, apontada pelo Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé como a principal. Ocorre, porém, que as altas temperaturas e a falta de chuvas prenunciam que a safra de 2018 terá o potencial produtivo comprometido, informa a cooperativa, em comunicado.
O Departamento de Desenvolvimento Técnico relatou, ainda, que as temperaturas elevadas acompanhadas de déficit hídrico acentuado durante a florada, além de comprometerem a estrutura do botão floral (formação de flores anormais), reduzem o índice de pegamento e podem, até mesmo, provocar a queda dos “chumbinhos” recém-formados. “Este fato pode ter o seu efeito aumentado se as lavouras apresentarem alto índice de desfolha”, informa a Cooxupé, considerada a maior cooperativa do setor do mundo e uma mais maiores exportadoras do grão do país.
O coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro dos Santos, diz que em algumas regiões da área de ação da cooperativa esta já é a segunda florada mas, provavelmente, será a mais importante. Ele revela que em alguns municípios, entre os dias 16 e 18 de setembro, ocorreram chuvas de baixo volume que estimularam a abertura de uma florada de baixa intensidade, em torno de 20% do potencial de florescimento. Contudo, mesmo esta florada teve o seu pegamento comprometido pelas condições adversas do tempo.
“Estamos preocupados não só com as altas temperaturas médias que estão sendo observadas durante o florescimento, mas com falta de continuidade das chuvas que foram responsáveis pela abertura da florada; com os termômetros registrando temperaturas máximas acima de 32 graus, com relatos de 37 e 38 graus em algumas regiões; com o índice de desfolha que está aumentando; com o déficit hídrico que continua elevado e, consequentemente, com a baixa disponibilidade de água no solo para os cafeeiros”, explica dos Santos. “Acreditamos que todos estes fatores vão trazer impacto negativo para a próxima safra. O tamanho do impacto dependerá da intensidade destes fatores em cada região”, acrescenta.
O gerente do Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, Mário Ferraz, afirma que apesar de 2018 ser de bienalidade alta, o momento é de cautela. “Ainda não temos condições de falar qual será o tamanho da safra, mas já podemos adiantar que há grandes chances de ela não atingir a grandeza que esperávamos por conta dessas adversidades que estamos presenciando”, conclui.