O valor da madeira de reflorestamento está em queda em São Paulo. Especialistas recomendam que o produtor deve esperar para fazer o corte, se possível, a partir do ano que vem, quando as cotações devem voltar a subir.
Este é o caso do produtor Alessandro Previário, de itapetininga, no interior de São Paulo. Ele reclama da baixa remuneração na venda de eucalipto e do pinus. “Há seis a gente conseguia R$ 40 por metro cúbico estéreo em pé. Hoje, nem a R$ 20 tá fácil de vender. Os compradores sumiram. eu sei de casos de quem vendeu a R$ 10”, diz Previário.
O termo estéreo é a medida para uma pilha de um metro de madeira. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na região de Sorocaba, o preço do estéreo de pinus para serraria está na média de R$ 55. Enquanto o de eucalipto está em R$ 108. Esse é o mesmo preço praticado há um ano. A combinação de aumento da oferta com redução da demanda em regiões de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, explica os preços baixos da madeira.
“Os compradores estão todos com excesso de oferta de madeira. E os produtores na ânsia de vender estão abaixando cada vez mais os preços e está ficando difícil conseguir boa rentabilidade”, comenta Previário.
O pesquisador do Cepea, Carlos José Caetano Bacha, explica que as indústrias de celulose reduziram a produção em São Paulo e foram para a Bahia e o Maranhão. Ele afirma ainda que os contratos entre os donos dos reflorestamentos e as empresas compradoras não foram bem feitos, deixando muitos produtores vulneráveis em relação ao preço. O pesquisador orienta que os agricultores deixem parte das árvores em pé e esperem para vender mais para frente, quando as cotações se recuperarem.
“O ideal é esperar para que a árvore aumente este diâmetro na altura do peito e só venda madeira de 2018 a 2020, quando se espera que haverá aumento no preço da madeira. Teve uma queda no reflorestamento anual desde 2012, então você conta oito anos para frente. Se caiu em 2012, a partir de 2020 vai faltar madeira”, explica Bacha.
O pesquisador conta que ninguém tá plantando eucalipto, ou muitos poucos. Portanto, daqui há uns anos aqueles preços bons vão retornar, pois terá demanda pelo eucalipto. “Este mercado não foi planejado. Ele é só para empresas de papel e celulose. Se cortar a árvore com 7 anos ela servirá para papel. Se cortar com 11 anos, aí já é madeira para poste mourão. E se cortar com 20 anos, já é madeira para serraria. Então, eles têm que procurar estes novos mecanismos, ou estes novos meios de comercialização”, finaliza.