O preço baixo está desestimulando os produtores de hortaliças e frutas do Distrito Federal e nem mesmo a crise hídrica e a produção menor de 2017 estão estimulando os preços dos produtos. A área plantada na região caiu pela metade, mas o preço do produto não subiu, entre outros motivos, pela mudança no perfil dos consumidores.
“O que nós observamos do Distrito Federal e até fora é que o consumidor tradicional de supermercado, aquela dona de casa que faz o consumo dela para o ambiente doméstico, está migrando do supermercado tradicional para os chamados ‘atacarejos’, que são aqueles atacados que a pessoa física compra seus produtos por um preço mais barato”, disse o chefe de seção de estatística da Ceasa do Distrito Federal, Fernando Santos.
Maria é produtora rural e enfrenta o problema na venda de seus produtos. Ela teve que demitir sete funcionários e relata que nunca passou por um semestre tão ruim nos últimos 20 anos. “A gente pensava que a falta d’água iria ajudar na procura, mas não é o que está acontecendo. Não tem água, mas também tem o cobrador. Tá difícil”, lamentou.
O consumo médio de hortifrútis por parte do brasileiro é de 57 kg por ano. O ideal, segundo, a Organização Nacional de Saúde (OMS), seriam 140 kg. A solução, no entanto, seria equilibrar os preços para que o produtor seja bem remunerado e o consumidor pagar um valor justo.
“Infelizmente, o que é muito bom para o consumidor, algumas vezes pode não estar na mesma escala para o produtor. Por exemplo, se a gente pegar hoje o mamão, tanto o papaia, como o formosa, eles indicam que estão abaixo do custo de produção. Então, perímetros de produção do Espírito Santo e sul da Bahia, Minas Gerais, estão sofrendo com isso”, concluiu o superintendente de Abastecimento Social da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Newton Araújo Silva Júnior.