Leite: setor aposta na eficiência para exportar mais

Indústrias de lácteos querem ampliar embarques a partir do próximo ano; conquista de novos mercados passa por aumento de produtividade, que tem impacto sobre custos de produção

Fonte: Pixabay

As indústrias de lácteos querem exportar mais a partir do próximo ano. Para isso, apostam no aumento da eficiência dentro e fora da porteira, para elevar a competitividade do produto brasileiro no exterior. O assunto foi tratado no 5º Fórum Itinerante do Leite, realizado nesta terça-feira, dia 21, em Frederico Westphalen (RS).

O segmento começou 2017 com saldo positivo nas exportações. O cenário, entretanto, mudou completamente na metade do ano, já que os preços no mercado interno ficaram mais atraentes do que os do exterior. Entre janeiro e outubro de 2016, o Brasil exportou mais de 45 mil toneladas de lácteos, enquanto no mesmo período deste ano foram 32 mil toneladas, queda de 28%. A indústria – que hoje embarca basicamente leite condensado e creme de leite – quer aumentar o volume exportado e abrir mercado para outros produtos.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Alexandre Guerra, para chegar a isso, é preciso haver melhorias em todos os elos da cadeia. “Desde produtividade, qualidade, produção em escala e a também a parte fiscal”, diz ele. 

Guerra sustenta que, para tirar a pressão sobre a atividade no Rio Grande do Sul, por exemplo, é preciso vender para fora do estado cerca de 60% da produção local. “Para sair (do estado) de forma competitiva, nós temos que ter redução de custos. Aquela história de fazer mais com menos”.

Produtividade

O setor acredita que a conquista de novos mercados passa pelo aumento da produtividade. Segundo a Embrapa Gado de Leite, no Brasil, cada vaca brasileira fornece em média 5 litros de leite ao dia, enquanto que em importantes países exportadores, como os Estados Unidos, a média de volume chega a 30 litros diários.

Nossos concorrentes têm ainda outras vantagens. Além de um plantel maior e mais concentrado por área, os pecuaristas têm custos menores para produzir. De acordo com o pesquisador da Embrapa João César de Resende, nós ainda temos muito que avançar em termos de produtividade, o que tem impacto sobre os custos. 

“Existe uma correlação muito forte entre o aumento de produtividade e a redução de custos de produção. Então nós temos que ajustar muito esses nossos sistemas de alimentação, nossa genética, para caminhar para o aumento de produtividade, tanto por animal quanto por mão de obra e aumento da escala de produção por fazenda”, afirma Resende.

O secretário-adjunto de Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul, André Lionir Petry da Silva, lembra que o Brasil abriu o mercado de lácteos na China e, mais recentemente, no Japão. “Temos outros mercados com possibilidades, mas temos algumas questões internas que nós temos que rever, como a questão da qualidade e a produção em escala, que são fundamentais para que a gente tenha competitividade”, afirma.