Milhares de produtores de leite se mobilizaram nesta sexta-feira, dia 24, no Rio Grande do Sul, para pressionar a indústria. Entre as reivindicações da categoria, estão o estabelecimento de preço mínimo para o leite, pagamentos melhores e redução das importações do Uruguai.
Os pecuaristas se reuniram em frente à Lactalis, uma das principais importadoras de leite em pó do estado, em Teutônia (RS), que recebe incentivos fiscais do governo gaúcho. Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Joel da Silva, esse recurso deveria ser utilizado para gerar emprego e renda no estado, e não em outro país. “E é isso que estão fazendo, eles estão pegando dinheiro público e importando leite”, diz.
Além do pedido de cotas para importação de leite em pó ou a retirada desse produto do acordo do Mercosul, os representantes do setor querem também preço mínimo de R$ 1 pelo litro do leite. Outra pedido é que o valor a receber seja pago até o quinto dia útil e não na metade do mês, como acontece hoje.
“Não dá mais para trabalhar assim. Tem que haver uma relação de confiança entre produtor e indústria”, afirma o presidente da Fetag.
O produtor de leite Erasmo Kruger queixa-se que a concorrência com o leite em pó importado não é justa. “Nosso custo de produção sempre vai ser maior, no óleo diesel os reajustes são semanais, tudo aumenta e o (preço do) leite baixa. Não acompanha nunca”, diz.
Já Marcelo André Weirich se arrepende dos últimos investimentos que fez na atividade, com a compra de trator e implementos. Ele calcula ter, atualmente, um prejuízo de R$ 0,30 por litro de leite. “No momento, a gente tem que tirar dinheiro da avicultura de corte no caso para conseguir ‘fechar os buracos’ do leite”, conta.
Durante o dia, a diretoria da Lactalis recebeu os representantes da Fetag para discutir as reivindicações. Segundo o diretor de comunicação da empresa, Guilherme Portela, são bem-vindas as ideias que possam criar mais estabilidade na cadeia de produção e aumentar a fidelização dos fornecedores de leite. “Para que (dessa forma) nós possamos juntos construir um cenário de melhor produtividade, para ter condições também de exportar o leite produzido no Rio Grande do Sul”, afirma Portela.