Setor de suplementação mineral para gado espera alta em 2018

Preço baixo do bezerro é garantia de que mercado vai reagir, de acordo com entidade que representa a indústria, mas aumento no consumo também vai depender da economia no ano que vem

Fonte: Henrique Bighetti/Canal Rural

O mercado de suplementação mineral para gado espera crescimento acima de 5% para o ano que vem, de acordo com a associação nacional das indústrias do setor (Asbram). A aposta é no aumento da oferta de animais. Em 2017, no entanto, a estimativa é de que o volume comercializado fique estável em relação ao ano anterior.

O rebanho bovino brasileiro reúne mais de 200 milhões de animais. Cerca de um quarto do total recebe suplementação mineral, com produtos como a ureia. O volume anual consumido no país é de 2,8 milhões de toneladas. O presidente da Asbram, Nelson Lopes, afirma que o segmento está numa fase ótima, já que o bezerro caiu de R$ 1.800 para R$ 1.200. “Com isso, nós já sabemos que vão ‘fechar’ mais bois, com a certeza de que o mercado vai reagir, porque está tudo muito barato”, diz.
 
O crescimento no consumo de suplementos minerais, contudo, também vai depender da situação da economia no ano que vem, na opinião do engenheiro agrônomo Marco Túlio Habib Silva, da Scot  Consultoria. Segundo ele, o valor da arroba estaria mais alto, se houvesse uma demanda mais aquecida de carne, com poder aquisitivo da população mais alto. “Consequentemente, o investimento em tecnologia seria maior do que está sendo atualmente”, diz. 

O agrônomo afirma que os pecuaristas que fazem a suplementação são aqueles que trabalham com alta tecnologia, em confinamento, semiconfinamento ou a pasto. “São geralmente também pessoas que trabalham com um mercado não tão de commodity, com os nichos de qualidade de carne, carne para exportação”, de acordo com Habib Silva.

Valorização

Um caminho para a carne brasileira ser mais valorizada no exterior seria a aposta na qualidade e na sustentabilidade da produção. Mas esse é um processo longo. O chefe da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo de Miranda, lembra que o consumidor sequer paga o preço justo por produtos como arroz, feijão ou milho. “Será que pagaria por uma coisa ecológica?”, pergunta.
 
Miranda afirma que esse tipo de reação é esperado desde a Rio 92, mas, até agora, não há exemplos concretos. Segundo ele, 8% do território nacional é coberto por pastagens nativas. “É o Pantanal, a Caatinga, parte do Cerrado, os campos de altitude, a Pampa. Eu não tenho a menor dúvida que nós temos um balanço de carbono muito positivo com a pecuária”, diz.