O leilão para entrega nos portos foi uma alternativa encontrada pelo Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep) para acelerar a remoção do milho, que até então vinha sendo feita apenas por meio de leilões de compra do produto já ensacado pelos vendedores com compromisso de entrega em postos de distribuição definidos pela Conab.
No caso do milho para entrega nos armazéns instalados em terminais portuários da região Nordeste, o cereal será doado aos governos estaduais, que serão responsáveis pelo ensacamento e remoção para os municípios atingidos pela seca, para venda por R$ 18,12/saca em lotes de até três toneladas e R$ 21,00/saca de três a seis toneladas.
O fracasso do leilão frustra as expectativas do governo, que apostava no interesse dos cerealistas na remoção do milho por navios. Havia expectativa de que houvesse participação das tradings no leilão para ofertar milho da Argentina, uma vez que o custo de transporte sairia mais baixo do que o pago pela cabotagem na costa brasileira. A compra de milho argentino criaria mais um problema político para o governo, neste momento em que produtores de Mato Grosso cobram medidas para apoiar o escoamento da safra recorde que começa a ser colhida em maio.
Um estudo feito pela Conab mostrou que o custo de transporte do milho por meio da navegação de cabotagem, saindo do porto de São Francisco, ficaria em R$ 657,00/tonelada desembarcado em Salvador (BA). O custo final ficaria em média a R$ 728,35 com a remoção do cereal até os postos de distribuição no interior do Estado. Os cálculos da Conab mostram que o custo médio de remoção do milho por meio de caminhões, do Centro-Oeste até os postos de distribuição, fica em média em R$ 370,00/tonelada. Enquanto o caminhão leva de três a seis dias para chegar ao destino, no caso do navio a demora é de até 45 dias.