Arroz: La Niña, custos e renda assombram produtor

Para agravar a baixa rentabilidade da cultura, fenômeno climático trouxe longo período seco, impedindo semeadura na época ideal

Fonte: Paulo Lanzetta/Embrapa

Depois de um ano frustrado por causa de preços baixos e elevação dos custos, os produtores de arroz estão preocupados agora com os efeitos do La Niña. No Rio Grande do Sul, as perdas em razão do fenômeno climático, sobretudo no primeiro trimestre do ano, têm sido recorrentes.

De acordo com o pesquisador Rodrigo Schoenfeld, do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), o La Niña trouxe tempo mais seco, impedindo os rizicultores de plantarem na época ideal. “Quando plantaram, não choveu mais: tivemos aí um período de quase 30 dias sem chuva no mês de novembro. Em regiões da Campanha e da Fronteira Oeste, onde as grandes fontes de abastecimento são reservatórios dos próprios produtores, a água já não era suficiente na grande maioria para acabar essas lavouras”, diz.

Temperatura

Em Eldorado do Sul (RS), onde atua o produtor Cristiano Martins, rios e lagoas foram utilizados para irrigar as lavouras. A água não é um problema na região, mas o La Niña age também sobre a temperatura, o que afeta o desenvolvimento do arroz.

“A oscilação entre a baixa temperatura à noite e a alta temperatura de dia é o que o arroz não gosta; ele gosta de um clima equilibrado”, afirma Martins.
 
A variação de temperatura faz as folhas ficarem queimadas, debilitando a lavoura. “Uma planta estressada, com folhas pisadas, automaticamente vira porta de entrada para as doenças fúngicas e outras que estão por aí”, diz o produtor.
 
O pesquisador do Irga orienta os rizicultores a ficarem atentos às condições do clima nos próximos dias. E o La Niña não é o único motivo de preocupação deste ciclo. Pelo menos metade da área de arroz do Rio Grande do Sul foi semeada fora do período ideal, por causa do excesso de chuva. 
 
Schoenfeld acredita que o produtor de arroz terá um aumento de custos, por conta da irrigação e do controle de plantas daninhas. Mesmo áreas que estão com o ciclo normal devem ter maior necessidade de investimento, diz ele. “Principalmente em adubação nitrogenada, porque, com as perdas dos últimos meses em função de eventos climáticos, perdeu-se muito nutriente. Para compensar isso, tem que adicionar mais, onerando os custos da lavoura”, afirma o pesquisador do Irga.