O setor da laranja prevê um aumento no preço da fruta na safra 2018/2019 por causa da queda de 20% na produção e redução dos estoques. A previsão aparece quando aproximadamente 70% dos 500 mil hectares da temporada 2017/2018 já foram colhidos. Até março, os produtores brasileiros encerram o ciclo, que deve somar produção de 385 milhões de caixas. Embora a produtividade tenha sido boa, o rendimento das frutas está abaixo do esperado.
“As chuvas no final da safra afeta a fruta que está no pé, pois ela absorve mais água e acaba elevando a quantidade de caixas, porque você tem frutas com volume maior. No entanto, quando chega na indústria, o rendimento acaba caindo”, disse o diretor executivo da Associação de Citricultores da Regiao de Limeira (Alicitrus), Paulo Celso Biasoli.
Já para safra brasileira 2018/2019, a produção estimada é de 315 milhões de caixas, 20% menor que a temporada 17/18. Um dos fatores que explica a queda de rendimento, é a falta de chuvas durante a primeira florada, registrada no início de setembro.
“Houve a florada na primavera, que geralmente é um período chuvoso. Nós enfrentamos em setembro e outubro uma quantidade de dias secos maior do que o previsto, o que acaba afetando a safra futura”, disse Biasoli.
As estimativas iniciais mostram que o estoque de passagem da safra 2017/2018 devem atingir 207 mil toneladas de suco concentrado, que representa recuperação de 93% em relação ao ciclo anterior. O volume, no entanto, pode voltar a cair já no próximo ano se for confirmada queda de produção na safra 2018/2019.
“Um fator que impacta nos estoques é o volume de venda das indústrias. Elas podem manter ou diminuir o volume de vendas no mercado externo e é importante lembrar que, mesmo que a demanda internacional por suco de laranja não esteja crescendo, os Estados Unidos estão com problemas na safra e vão precisar aumentar as importações de suco e o Brasil é o principal fornecedor!, disse a analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Fernanda Geraldini.
Diante deste cenário, a tendência é de preços firmes ao longo do ano. Dados do Cepea apontam que a média da caixa deve ser de R$ 20, com adicional de participação, valor que varia de acordo com o preço do suco durante a safra. “Se compararmos com anos anteriores, esse é um preço bem mais alto em termos nominais. Chegamos a ter safras que o produtor recebeu entre R$ 7 e R4 15 por caixa reais por caixa. Esse preço de R$ 20 pode ser suficiente para cobrir o custo, depende do produtor, mas talvez não gere grandes margens para que o produtor invista na atividade”, finalizou Fernanda.