No Vale do Paraíba (SP), o produtor rural Patrick Assumpção experimenta um novo manejo: a agrofloresta. Na propriedade, culturas como milho e feijão caupi dividem espaço com árvores frutíferas e madeireiras.
De acordo com o agricultor, é necessário fazer um espaçamento de, mais ou menos, 30 metros, onde será feita a rotação da cultura, seja milho ou soja, e depois uma linha de madeiras e frutas. “Você terá sua cultura principal em larga extensão e não terá uma grande perda de área, onde terá a madeira, que será uma poupança florestal”, explica. Segundo ele, a fruta também dará rendimento com o tempo. “Dando um problema na safra, a fruta pode te salvar naquele momento”, completa.
O produtor cultiva plantas nativas da floresta amazônica. Em 21 hectares foi plantada a espécie guanandi, a primeira no Brasil a ter a extração da madeira permitida por lei. Outros 50 hectares são de acacia mangium, árvore que pode chegar a seis metros ao ano e é bem valorizada no mercado. No total, estão plantadas mais de 100 espécies diferentes na propriedade.
“O que a gente faz é entender qual a função de cada planta, para não ficar aleatória e cada uma ter sua função colocada no sistema”, afirma Assumpção.
O projeto desenvolvido no município de Pindamonhangaba (SP) é ambicioso e pretende reflorestar o Vale do Paraíba, que abrange a serra da Mantiqueira e a serra do mar.
Toda cadeia produtiva agrícola e florestal do vale está imbuída. Segundo o produtor, um centro de referência está sendo criado na fazenda, para poder disseminar o formato de produção dos sistemas agroflorestais. “A ideia é estudar plantas que façam a cobertura do solo, para que não haja erosão, e a gente consiga restaurar e produzir ao mesmo tempo”, conta Assumpção.
O analista de mercado Alan Batista faz parte do grupo que avalia o retorno econômico das agroflorestas. Ele faz acompanhamento de 12 produtores que adotaram o manejo.
“Quanto mais árvores enho no sistema, mais resiliente ele é. Menos exposto estou à quebra de safra e a mudanças climáticas. Tenho mais água infiltrando naquele sistema e, consequentemente, mais água disponível para a minha cultura”, diz Batista.