Apenas 31% da safra brasileira é financiada com políticas públicas

Entidades que representam o setor buscam alternativas, junto ao governo e à iniciativa privada

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Apenas 31% da produção brasileira é financiada através de políticas públicas, afirma o presidente da Comissão Nacional de Política Agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner. “Os outros 69% simplesmente não recebem nada. Nós temos que buscar fazer com que elas políticas públicas alcancem todos”, defende. 

Para complicar, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) sofre restrição orçamentária e terá que devolver dinheiro para o Tesouro Nacional. Isso significa que vai faltar verba para investimento na construção de armazéns.

“O contingenciamento que nós sofremos, por vezes, nas linhas de crédito disponíveis ao agronegócio, em tese, é decorrente da dificuldade do governo em cumprir a sua meta de equilíbrio fiscal, que aliás, no caso, ainda é um desequilíbrio”, afirma o presidente do banco, Paulo Rabello de Castro.

Alternativas

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, explica que o país enfrenta dificuldades econômicas, que traz sérias consequências para a agropecuária, especialmente no Plano Safra. Ele diz, também, que é preciso pensar em alternativas para ampliar a cobertura do seguro rural sem apoio do governo.

“Acredito muito que essa é uma alternativa e, no dia em que a gente conseguir fechar, vamos ter um credito rural muito mais barato, porque vamos sair da dependência total do governo e vamos pra iniciativa privada, que vai botar dinheiro em uma atividade que não tem tanto risco ou um risco tão alto como é atualmente”, explica Maggi.

O setor agropecuária estuda, junto aos bancos privados, formas para aumentar a participação deles na concessão de crédito agrícola e seguro rural, trazendo alternativas para o produtor rural. A deputada federal Tereza Cristina (sem partido) diz que tem gente querendo investir, mas é preciso um trabalho em conjunto para trazer esse recurso.

“Uma das coisas que eu venho brigando aqui é pelo Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) em dólar, que é uma das alternativas”, conta a parlamentar.  

Castro diz que não é o banco quem faz o investimento, mas alguém que demanda crédito para investir. De acordo com ele, essa é a razão pela qual a indústria está muito acanhada. Enquanto isso, a agropecuária está aquecida. “O agronegócio continua demandando investimentos. Notícia boa para o Brasil e para os brasileiros, mas a indústria está cedendo espaço dentro da carteira do banco”.

Seguro rural

João Martins, presidente da CNA, afirma que é uma divergência entre o pensamento do governo e a real preocupação do setor. “Quando a gente fala no seguro, o governo acha que estamos olhando o seguro para cobrir financiamento, e não é só isso. Queremos o seguro para que cobrir também a perspectiva de renda do produtor”, diz.

Segundo o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, o setor precisa ter “alguns calços”, sendo um deles a subvenção do prêmio do seguro. “Nós queremos que o governo nos ajude a pagar parte do prêmio para que o seguro se popularize”, esclarece.