A pecuária brasileira quer um valor específico para o seguro de animais. Em reunião com o Ministério da Agricultura, o setor pediu a inclusão de um prêmio R$ 10 milhões, mas o governo diz não ter recursos e estuda uma alternativa.
O Brasil possui mais de 1,3 milhão de produtores de leite, de acordo com o último Censo divulgado pelo IBGE. Diariamente, eles assumem o risco da pecuária leiteira. Muitos produtores buscam o seguro como forma de proteção e estabilidade na atividade, mas o alto custo torna essa opção inviável.
“É um mercado que ainda não foi descoberto, porque o pecuarista não tem acesso ao seguro. Por outro lado, não tem uma participação do governo em relação à subvenção que faz com que essa contratação se torne viável e mais pecuaristas tenham acesso”, diz Karen Matieli, da empresa Denner Seguro de Animais
Com o objetivo de incentivar a contratação do seguro através do subsídio rural, o setor pede a inclusão de R$ 10 milhões de reais ao prêmio do seguro específico para a pecuária.
“A Abraleite protocolou no Mapa uma solicitação, juntamente com a ABCZ, defendendo a bovinocultura leiteira e a bovinocultura de corte. Que revise a questão dos recursos destinados à subvenção de seguros. Precisa ter um equilíbrio, precisa ter realmente um incentivo”, afirma Geraldo Borges, presidente da Abraleite (Associação Brasileira dos Produtores de Leite).
Mas, de acordo com o governo, a autorização pode demorar. Em nota, o Ministério da Agricultura disse que fará um estudo de viabilidade orçamentária e de necessidade do setor. O diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Mapa, Vitor Ozaki, afirmou que o ministério vai tentar a autorização para a safra de 2018/2019. No entanto, vai depender da disponibilidade de recurso.
Karen Matieli, que representa as seguradoras, explica que não adianta o setor estar classificado na categoria “outros”. Assim como existem as categorias de “cultura de verão”, “inverno” e “frutas”, é preciso que haja um recurso específico para a pecuária.
“A gente fez uma proposta ao Mapa para que o órgão analisasse e inserisse o pecuário com um recurso específico para que possa fomentar essa contratação. Para que mais pecuaristas tenham acesso a essa ferramenta, que hoje em dia é a principal ferramenta de mitigação de riscos de uma propriedade”, diz Matieli.
Hoje a bovinocultura é responsável por 30% do Produto Interno Bruto do agronegócio brasileiro, e somente 0,24% do que é destinado a subvenção é colocado na pecuária. Para o setor, R$ 10 milhões ainda não seriam suficientes para atender a todos os pecuaristas, mas a meta é aumentar o valor gradativamente.
“O valor colocado na subvenção da pecuária é apenas de R$ 1 milhão. Então a solicitação nossa é que, gradativamente, começando com 2018, esses valores destinados à subvenção da pecuária bovina sejam aumentados”, diz o presidente da Abraleite.
“A gente iniciou um pleito de R$ 5 milhões para o pecuário. É o necessário? De forma alguma. A gente sabe que o universo é muito maior, porém temos que trabalhar com o que é possível. Eu acredito que, em uma projeção de sete anos, a gente consiga chegar a R$ 50 milhões”, afirma Matieli.