O preço do leite no mercado brasileiro é o menor em oito anos, de acordo com levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). Mas as indústrias prometem melhorar a remuneração. No interior de São Paulo, o litro do produto pode subir até R$ 0,10 no próximo mês, o que ainda não garante que o pecuarista vá voltar a investir na atividade.
Wander Bastos, produtor de leite na cidade de Cruzeiro (SP), tira do rebanho até 400 litros diários. Em janeiro, ele recebeu R$ 0,94 pelo litro do produto, já com o adicional de qualidade. “Está quase no zero a zero; qualquer despesa extra, acidente ou mesmo o clima que atrapalhe nosso operacional já entraríamos no prejuízo”, afirma.
Segundo o Cepea, o preço do leite em janeiro teve queda de 1,7% na comparação com dezembro do ano passado. A média Brasil foi de R$ 0,98 por litro, menor valor registrado desde fevereiro de 2010.
Diretor da Cooperativa de Laticínios de Cachoeira Paulista (Colacap), Marcelo Bonci afirma que no final do ano sempre há aumento da oferta de leite, em função das chuvas. A demanda, no entanto, não acompanhou esse incremento, em razão da redução do poder de compra do brasileiro. “Acabou tendo mais leite no mercado e acabou caindo bastante o preço”, diz Bonci.
A Colacap recolhe 27 mil litros de leite por dia na região do Vale do Paraíba. O pagamento de fevereiro, que deve ser feito nesta semana, referente ao leite demandado em janeiro, terá uma alta de R$ 0,03 por litro. No entanto, de acordo com o diretor da cooperativa, a tendência é que, em março, a remuneração ao produtor suba pelo menos 10%. “Já está praticamente fechado R$ 0,10 de alta no preço do leite”, conta.
Para o produtor, a alta pode melhorar a margem da atividade, mas não estimula novos investimentos. Wander Bastos, por exemplo, afirma que, para aplicar recursos na atividade, seria preciso receber cerca de R$ 1,20 por litro. “Em março, com as bonificações de qualidade e quantidade, a gente chega próximo de R$ 1,10 ou R$ 1,08, então começa a estimular um pouco mais”, acredita.