A safra brasileira de café promete ser uma das maiores da história. Analistas afirmam que a produção pode ultrapassar a marca de 60 milhões de sacas. Com o excesso de oferta, as cotações vão ficar pressionadas, principalmente no segundo semestre do ano.
Na fazenda de Paulo Rogério Marchi, em Serra Negra, interior de São Paulo, os 25 hectares de café estão na fase de granação, etapa final de formação. A produtividade deve ser de 55 sacas por hectare, 20% a mais que a temporada passada.
“Eu colho em torno de mil sacas em um ano de colheita cheia, e este ano pretendo colher de 1.200 a 1.300 sacas”, diz o produtor.
O último levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a safra brasileira de café pode chegar a 58,5 milhões de sacas de café, crescimento de até 30% na comparação com a temporada anterior.
A produção do tipo arábica está estimada entre 41 e 44 milhões de sacas. Já para o café conilon, o volume projetado é de 14 milhões de sacas. O analista de mercado Haroldo Bonfá está ainda mais otimista.
“O mercado estima que o potencial do conilon chega a 17, 18 milhões de sacas. O número de 15 milhões não é absurdo e é muito factível. Eu gostaria de chamar a atenção para a região de Rondônia. A Conab fala em 2 milhões, e o mercado fala que pode chegar até 3 milhões”, afirma o analista.
Se por um lado a produtividade está elevada, por outro o baixo preço pago ao produtor mantém as negociações paradas.
O produtor Marchi ainda não comercializou nada da safra: “Hoje está correndo aqui na cidade R$ 415 ou R$ 425. Está muito baixo. Precisaria hoje de R$ 500 para cima”.
Segundo os analistas, as melhores oportunidades para negociação vão ocorrer no primeiro semestre do ano. Durante esse período, os preços devem ficar mais estabilizados por conta do baixo estoque de passagem. Já em meados de julho, as cotações vão ficar mais pressionadas com o início da colheita da safra brasileira.
“Hoje existe um mercado suficiente para cumprir todos os embarques até a chegada da nova safra, que deve chegar por volta de junho ou julho, para o arábica, e maio ou junho para o conilon. Haverá então pressão de preços. Neste momento o produtor deve ficar muito atento para pegar as oportunidades antes da entrada dessa safra”, aconselha o analista Bonfá.
Já as exportações devem manter os resultados de 2017, com aproximadamente 30 milhões de sacas. Os embarques devem ser mais intensos no segundo semestre. Mas o produtor precisa estar atento ao mercado interno.
“O Vietnã está falando em uma supersafra, e a Colômbia volta novamente a ficar com número grande, cerca de 14 milhões de sacas. Tudo isso impacta na oferta mundial, o que obviamente tem reflexos no preço”, conclui o analista.