Durante esta semana de eventos realizados pela OIC, a entidade mostrou que grandes produtores terão aumento expressivo na produção. Entre os destaques estão o Brasil (+16,9%, para 50,8 milhões de sacas), a Indonésia (+30,5%, para 11,2 milhões de sacas) e a Colômbia (+11,1%, para 8,5 milhões de sacas).
Em contrapartida, há países com queda relevante dos números de produção. Entre os grandes estão o Vietnã (-8,6%, para 22 milhões de sacas), Honduras (-14%, para 4,9 milhões), o Peru (-14,9%, para 4,7 milhões) e a Guatemala (-19,3%, para 3,1 milhões de sacas). A queda da produção prevista para países como Honduras e a Guatemala é explicada pela ocorrência da ferrugem nas lavouras da América Central.
Durante o seminário ficou acertado que a OIC organizará ajuda aos países centro-americanos. A entidade vai colaborar em uma ação conjunta dos governos locais e que terá a participação de alguns países produtores, como o Brasil e a Colômbia. Países produtores que já sofreram com a ferrugem, Brasil e Colômbia devem enviar técnicos às regiões afetadas. O resultado desse tipo de ação, porém, não necessariamente deve ser sentido já na próxima safra, já que o resultado do trabalho pode demorar alguns anos para ser observado.
Sobre o consumo, que deve crescer 2,5% em 2013, a OIC avalia que a demanda maior será observada mais uma vez em países exportadores e nos mercados emergentes. Nos últimos dez anos, a demanda nos exportadores cresceu a um ritmo anual de 4,3% e nos mercados emergentes, a uma taxa anual de 3,9%. A velocidade é bem maior do que a vista nos mercados tradicionais, cuja expansão média tem sido de 1,1% ao ano.
Previsão de consumo
A OIC trabalha com três cenários para o consumo global da commodity nos próximos anos. Conforme estimativas para o ano de 2020, apresentadas durante a semana na capital britânica, a diferença de demanda entre o quadro mais otimista para o mais pessimista é de quase 15 milhões de sacas.
De acordo com relatório da OIC, a perspectiva mais otimista aponta crescimento da demanda – que somou 142,2 milhões de toneladas em 2012 – para 173,6 milhões de sacas em 2020. Esse quadro sinaliza expansão de 22% do consumo no período entre 2013 e 2020. Por outro lado, o cenário pessimista prevê ritmo de crescimento pela metade: 11,7% no mesmo período, para 158,9 milhões de sacas em 2020. Dessa maneira, a diferença entre o consumo do café entre os dois cenários é de significativas 14,7 milhões de sacas.
Há, ainda, um cenário intermediário. Nesse caso, a OIC prevê elevação da demanda para 166,1 milhões de sacas – o que representa expansão de 16,8% em relação ao consumo registrado em 2012.
Sustentabilidade do setor
O diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva, fez uma avaliação pouco otimista do mercado global da commodity depois de meses de forte recuo dos preços.
— A queda de preços já começa a afetar a sustentabilidade do setor, especialmente dos produtores de arábica — lamentou.
Após os debates dos últimos dias, Silva diz que o ambiente negativo reduz o fôlego financeiro dos produtores, o que deve ser visível na próxima safra.
— Produtores de arábica já estão sendo afetados e terão menos condições de fazer os novos tratos culturais — disse.
Silva considera não que não há “número mágico” para o preço da commodity.
— O que posso afirmar é que já vi situações com preços muito baixos e outras com preços muito altos. E hoje não estamos em um patamar satisfatório — argumenta.
Nos últimos meses, o preço internacional do café amargou queda de cerca de 30%.