Em fevereiro, o governo lançou o Plano Nacional de Fruticultura, com objetivo de facilitar a comercialização fora do país, mas, para o gerente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Distrito Federal, Hélio Lopes, a iniciativa não faz tanto sentido para a goiaba, já que a fruta é altamente perecível. “Você colhe e a goiaba precisa ser consumida em dois ou três dias, no máximo. Se for estimular a exportação, teremos que colher esse produto muito verde. Aí você acaba perdendo a qualidade”, afirma. Para ele, o foco da produção deve ser o mercado interno.
A goiaba é a segunda fruta mais produzida pelos agricultores do DF, atrás apenas do morango. “A fruta é rica em licopeno e potássio , benéfico à saúde. Acredito que, se falarmos disso, podemos estimular o consumo”, defende. Ele ressalta que o brasileiro já toma o suco, mas a ingestão do produto in natura ainda precisa de incentivo.
Quando o produtor de goiaba de Brazlândia (DF) não consegue comercializar parte da produção em feiras, ele pode evitar desperdício e prejuízo vendendo o excedente para a indústria de sucos e polpas. Além disso, o grande potencial econômico dá-se também pelo custo baixo de investimento.
“Temos 280 hectares de área plantada, com 78 produtores. Produzimos duas safras em 14 meses, dando aí 40 toneladas por hectare. Isso gera uma receita de R$ 14 milhões para Brazlândia”, diz Lopes.
Há 15 anos trabalhando no campo, Fábio Takashi segue a rotina de todos os anos e confere o pomar carregado. Na propriedade, ele tem mais de mil pés plantados, em cinco hectares reservados ao cultivo. “Do plantio ao crescimento só a demora é ruim, mas o manejo é mais simples. A produção dela também é muito boa, então tudo ajuda”, conta. Ele ressalta o maior investimento é feito no início, para montar uma estrutura básica de produção. “Querendo ou não, uma plantação não tem como ser pulverizada na mão, tem que ser na máquina”.
A alta safra de goiaba dura, em média, três meses, por isso é preciso rapidez na colheita do fruto. Takashi, por exemplo, colhe 100 caixas de goiaba todos os dias, totalizando cerca de 200 toneladas, que vão abastecer o mercado. No entanto, com muita gente produzindo grandes quantidades, o mercado ficar saturado, o que faria o preço despencar. “Isso é bom para o consumidor, mas para o produtor fica um pouco desfavorável”, diz.