Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) fecharam a quarta-feira com preços em forte baixa. A decisão da China de sobretaxar o produto americano em 25% fez com que os preços despencassem.
A medida foi uma retaliação às ações protecionistas do governo Trump. O temor é que os chineses deixem de comprar o produto americano e voltem sua demanda para a soja da América do Sul.
A decisão atinge em cheio os produtores americanos e renova suas preocupações. Lembrando que o Meio Oeste americano, onde se concentra o cinturão produtor do país, foi a base que elegeu o presidente Donald Trump.
Os norte-americanos costumam exportar à China cerca de 25% da soja produzida naquele país. A China é o maior importador mundial da oleaginosa. Em 2017, as compras de soja chinesa no exterior atingiram 95,5 milhões de toneladas, o equivalente a US$ 40 bilhões. Aproximadamente 30% desta soja é proveniente dos Estados Unidos.
Em uma avaliação preliminar, os dois lados têm a perder com a ações de retaliação. Sem a soja dos Estados Unidos, a oferta global seria insuficiente para atender a demanda de longo prazo da China. Há projeções que indicam que a China deverá importar 100 milhões de toneladas neste ano.
Se a sobretaxa for mesmo implementada – o governo chinês afirmou que esta seria colocada em vigor em breve -, a soja americana ficaria muito cara na comparação com o produto sul-americano e o produtor dos Estados Unidos teria que adotar um desconto para ganhar competitividade.
“Claramente, os preços da soja em grão e do óleo de soja seriam elevados na China. Em contrapartida, os preços ficaram cada vez mais pressionados nos Estados Unidos”, avalia o economista-chefe do Rabobank, Stefan Vogel, acrescentando que as tarifas também provocariam alta nos preços da pecuária e da carne no mercado chinês.
Na avaliação dos analistas, a China só deverá levar vantagem da adoção da tarifa no curto prazo. A safra sul-americana está sendo colhida e as compras na região tendem a ganhar força.
Segundo o Commerzbank, a questão sazonal indica que os chineses estão dando um alerta para os Estados Unidos e para o setor agropecuária daquele país, já que o abastecimento imediato da oleaginosa não seria comprometido.
Nos subprodutos, a posição maio do farelo subiu US$ 1,80 por tonelada (0,47%), sendo negociada a US$ 381,80 por tonelada. No óleo, os contratos com vencimento em maio fecharam a 31,68 centavos de dólar, perda de 0,66 centavo ou 2,04%.
Brasil
O mercado brasileiro de soja teve uma quarta-feira de indicações confusas para as cotações, com preços mistos no interior e altas nos portos. A forte queda da soja em Chicago pressionou o mercado doméstico e o dia foi de poucos negócios. Mas, a subida dos prêmios sustentou o preço nos portos.