A produção de frutas é uma das mais sensíveis a problemas climáticos. O granizo, por exemplo, pode acabar com uma lavoura inteira em poucos minutos. Em São Paulo, o governo federal costuma subsidiar 50% do seguro, o governo estadual fornece mais 20% e o restante fica por conta de cada produtor. Neste ano, porém, os 50% ainda não chegaram às corretoras.
– É um tempo onde o produto vive com uma tensão muito grande. Porque você tem a produção toda, precisa investir em trato cultural, adubação. É um investimento e um risco muito grande – afirma o produtor rural Orlando Stec.
A propriedade de Stec, em Jundiaí, tinha uma plantação de 12 hectares de caqui que foi perdida no ano passado por conta do granizo. Mesmo sabendo do alto risco de prejuízo, o produtor não contratou o seguro este ano pela inviabilidade de pagar as taxas sozinho, sem a porcentagem do governo federal.
– Vamos supor que dê um prejuízo de 100%, você tem mais 25% de franquia e um valor alto pago no início, aí não compensa fazer o seguro – explica o agricultor.
José Carbonari, outro produtor da região, está aguardando a verba do governo. Em 2011, ele fez seguro dos 130 hectares onde cultiva várias frutas de mesa. Nesta safra, porém, conseguiu assegurar somente de 19 hectares, o que representa 15% da propriedade. Ele só ganhou apoio do governo estadual.
– Prejudicou a comercialização porque as seguradoras tiveram que ficar aguardando a liberação dos recursos para comercializar os produtos. De fato, ainda tem uma verba dentro dos R$ 274 milhões que o governo liberaria para 2012 que ainda não foram empenhados, então a corretora precisa tomar a decisão, se continua comercializando ou aguarda o empenho dessa verba – destaca José Curlen, que é diretor de uma seguradora. Ele afirma que houve redução na contratação dos seguros pela falta desta verba.
O diretor do Departamento de Gestão de Risco Rural do Ministério da Agricultura e Pecuária, Luiz Antônio Corrêa, diz que os valores previstos para o primeiro e segundo semestre foram disponibilizados.
Ele afirma ainda que a única parte que não foi disponibilizada foi a verba extra de R$ 100 milhões, mas que o recurso deve ser liberado nos próximos dias, após a aprovação do Congresso.