União Europeia deve abrir mercado para tripas bovinas em junho, afirma representante do Ministério da Agricultura

Guilherme Marques anunciou reabertura nesta terça, dia 29O diretor de Saúde Animal do Departamento de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, afirmou que a União Europeia deve abrir seu mercado para as exportações brasileiras de tripas de bovinos no próximo mês, em função do novo status do Brasil de "risco insignificante" em relação à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como doença da vaca louca. O reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) veio na semana passada.

Ao fazer o anúncio nesta terça, dia 29, Marques disse que a elevação do status sanitário do Brasil em relação à vaca louca é importante pois garante o acesso a outros mercados, como a exportação de animais vivos para a América do Sul. Ele explicou que o reconhecimento internacional do novo status resulta de um trabalho iniciado pela Defesa Agropecuária em 2001, que exigiu investimentos de setores como o de graxaria, que processa resíduos dos frigoríficos.

– Seguramente, a União Europeia, já nos próximos meses, vai abrir o mercado de tripas, que é extremamente importante para o Brasil, considerando as dezenas de milhões de animais abatidos por ano. É também a previsão de abertura para o Egito, Tunísia, como também a exportação de animais vivos até para o Mercosul, toda a América do Sul – explicou.

A abertura do mercado europeu irá gerar um ganho maior para os frigoríficos brasileiros, que no ano passado exportaram 69 mil toneladas de tripas bovinas e faturaram US$ 271,8 milhões. O principal mercado foi Hong Kong, para onde foram exportadas 45,9 mil toneladas, que renderam US$ 156 milhões. O segundo mercado é a Rússia, com importações de 8,6 mil toneladas e US$ 46,1 milhões no ano passado.

Segundo Marques, o Banco do Brasil liberou cerca de R$ 500 milhões a juros subsidiados para que as graxarias pudessem investir em esterilizadores que afastam o risco da doença. As graxarias fabricam farinhas utilizadas como ração para aves, suínos e animais domésticos, além de óleos e outros subprodutos de origem animal.

De acordo com Marques, mesmo sem ter registros da doença da vaca louca e não utilizar ração animal para alimentar o rebanho, o Brasil foi classificado inicialmente como risco controlado, para não ficar no limbo. Ele disse que a maior preocupação era com os animais de alta linhagem importados da Europa para melhoramento genético do rebanho. A maioria foi identificada e está sendo rastreada. No caso da importação de sêmen e embriões não existe risco de disseminação da doença.

O Brasil passa a ser um dos 19 países do mundo que têm o status de “risco insignificante”, que é o mais elevado, uma vez que em relação às doenças animais não existe a classificação “risco zero”.

Saiba mais

A vaca louca surgiu no Reino Unido e se espalhou pela União Europeia na década de 80, por causa do uso descontrolado de proteínas animais na ração do rebanho bovino. Em função do risco da vaca louca, o uso de proteína animal na fabricação de ração para bovinos é proibido no Brasil, apesar de grande parte do rebanho ser alimentada a pasto.