Maria José se tornou a protagonista da lavoura de café da família há sete anos. Quando o marido morreu, enquanto trabalhava, ela fez questão de assumir o negócio, que cuida diariamente. Para superar o momento difícil, a produtora rural contou com o apoio das mulheres da região que, além de ajudarem na colheita, ofereceram apoio e amizade.
– No momento que a gente perde uma pessoa que tá ali, presente, você fica sem chão. E elas foram presença – diz Maria.
Foi a lavoura de café que fortaleceu esse grupo de mulheres. Atentas aos problemas e dificuldades das outras, decidiram criar o Mobi, grupo de Mulheres Organizadas Buscando Independência. Com a ajuda das amigas, Maria José expandiu os negócios e passou de mil para onze mil pés de café.
A união dessas mulheres transformou sonho em realidade. Todo café que elas produzem é orgânico e rebeneficiado em parceria com a Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo, a Coopfam, no sul de Minas Gerais.
O grupo já tem 35 mulheres e muitas conquistas, entre elas mercados internacionais, como o dos Estados Unidos, Europa, Japão, Nova Zelândia e Austrália. Se o faturamento da cooperativa vai saltar de R$ 15 milhões para R$ 19 milhões este ano, em boa parte, é pelo trabalho delas. E pensar que, há quinze anos, quando se organizaram, sequer tinham direito a voto na Coopfam.
– Nossos maridos já eram cooperados, no entanto a gente não tinha o nosso espaço reconhecido. Politicamente, a gente nem tinha direito a voto. A partir desse momento a gente sentiu a necessidade de juntar, para juntas, conseguir essa parte política de ter mulheres na diretoria, de ter representação, vez e a voz – diz Rosângela Paiva, coordenadora do grupo.
A cooperativa conseguiu a doação de equipamentos pela Fundação Banco do Brasil e, além disso, financiou mais de R$ 300 mil para comprar outras máquinas com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Agroindústria. Tudo isso contribuiu para o aumento da produção.
– O que foi feito aqui, esse maquinário que o banco ajudou a trazer pra cooperativa, traz um crescimento social e econômico, melhorando a condição de vida do produtor, segurando ele no campo. Isso é muito importante e gratificante para nós – explica Ivan Vilela, gerente do Banco do Brasil.
Além da linha exclusiva de café, o Mobi investe em artesanato, que é uma forma de reaproveitar a palha e grãos que seriam descartados.
Mais importante que o lucro, para elas, é o fortalecimento da autoestima e a valorização do bem estar.
– Nosso grupo, nossa cooperativa, não trabalha pensando só no dinheiro. Claro que a gente precisa do dinheiro para sobreviver, mas a gente trabalha para o bem comum – diz Maria José.