Durante a sessão solene, José Graziano ouviu de alguns deputados, elogios por seu trabalho realizado no combate à fome no Brasil. O fato de ser o primeiro diretor-geral da FAO, oriundo da América Latina e Caribe, escolhido para ocupar o cargo — do qual tomará posse em 1º de janeiro de 2012 — também foi destacado pelos parlamentares.
Ao agradecer as homenagens, Graziano disse que sua eleição para a direção-geral da FAO representava um reconhecimento internacional aos avanços que o Brasil fez no combate à fome.
– O êxito no combate à fome e à miséria não é obra do acaso, mas o resultado de uma política social consciente. Espero, agora, conseguir mobilizar recursos financeiros, técnicos e humanos para a tarefa de combater a fome no mundo – frisou.
Graziano elogiou o fato de o Brasil já dominar tecnologias importantes na área da agricultura tropical que podem ser úteis para ajudar países africanos a acabar com as mortandades resultantes da dramática falta de alimentos no continente.
– É preciso fixar estacas institucionais no mundo global; é preciso mudar mentalidades a fim de que o Brasil possa ser o país que pode ajudar a colocar seus conhecimentos a serviço de outros, mais necessitados – sugeriu.
O novo diretor-geral da FAO, que ocupará o cargo até julho de 2015, também considerou de fundamental importância reforçar a atuação da Associação Brasileira de Cooperação (ABC) e das assessorias internacionais dos ministérios para fechar e consolidar parcerias com organismos internacionais igualmente dedicados à mesma causa.
– O Brasil tem de ser o país doador de uma cooperação internacional do tamanho da generosidade de seus quase 200 milhões de brasileiros – acrescentou José Graziano.
Parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário
A possibilidade de intensificação das parcerias entre a FAO e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) é uma perspectiva muito promissora, na avaliação do chefe da Assessoria para Assuntos Internacional e de Promoção Comercial do Ministério, Francesco Pierri. Segundo ele, sob a coordenação da Agência Brasileira de Cooperação e da FAO, o MDA está implementando projetos-piloto de compras públicas de alimentos da Agricultura Familiar em 10 países africanos.
O encaminhamento de propostas resultantes da Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (CIRADR), promovida pela FAO, em Porto Alegre, em março de 2006, é outro foco dessa parceria estratégica, de acordo com Pierri.
– Agora, o grande desafio é, a partir de uma grande reforma, fazer com que a FAO se torne um instrumento poderoso de apoio à cooperação Sul-Sul junto com outros países. Ou seja, construir políticas públicas para expandir e consolidar a agricultura familiar e a segurança alimentar nutricional no resto do mundo – assinalou.