Índice de Confiança do agro tem melhor resultado da série histórica

O avanço dos preços das commodities agrícolas e a expectativa de outra grande safra sustentaram o otimismo tanto da agroindústria quanto do produtor rural

Fonte: Pixabay

O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) fechou o trimestre com 107,1 pontos, avanço de 6,8 pontos ante o trimestre imediatamente anterior e o melhor resultado da série histórica. O avanço dos preços das commodities agrícolas, principalmente soja e milho, além da expectativa de outra grande safra, permearam o otimismo tanto da agroindústria quanto do produtor rural, conforme o levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), entidades responsáveis pelo indicador.  

O avanço no IC Agro vem ocorrendo desde o segundo trimestre de 2017, quando alcançou 92,4 pontos. A volta ao patamar otimista ocorreu no primeiro trimestre deste ano. “De acordo com a metodologia do estudo, resultados acima de 100 pontos correspondem a otimismo. Pontuações abaixo disso demonstram baixo grau de confiança”, explicam Fiesp e OCB, em nota.

Entre os setores onde o otimismo é mais marcante está o de insumos agropecuários, com confiança de 116,1 pontos, alta de 10,9 pontos sobre o trimestre anterior. Este segmento se abriga na indústria (antes e depois da porteira), cujo índice atingiu 109,1 pontos, ou 9,7 pontos mais ante outubro a novembro de 2017. A maior confiança na indústria de defensivos e fertilizantes é resultado da recuperação dos preços das commodities agrícolas, o que aumentou a rentabilidade do produtor, justifica o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas. “Além disso, a estimativa para a safra de grãos vem melhorando a cada mês e já é próxima do recorde anterior, o que não era esperado”, complementa.

O aumento do preço principalmente da soja e dos prêmios pagos nos portos brasileiros também contribui para o avanço do Índice de Confiança das Indústrias situadas Depois da Porteira. “Isso está permitindo que tradings recuperem rentabilidade”, assinala Freitas.

“Reforçam essa percepção de otimismo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que apurou aumento nos últimos 12 meses, acumulado até fevereiro de 2018, nas vendas dos hipermercados e supermercados de produtos alimentícios, com alta de 2,0% em volume. No primeiro bimestre deste ano, contra o mesmo período de 2017, o incremento foi de 2,6%”, explica o diretor titular do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Roberto Betancourt.

Houve avanço também para o Índice de Confiança do Produtor Agropecuário (agrícola e pecuário), que encerrou o 1º trimestre de 2018 em 104,5 pontos, alta de 2,7 pontos ante trimestre passado. Segundo os resultados, o ânimo melhorou tanto para os produtores agrícolas quanto para os pecuaristas – embora os últimos ainda estejam na faixa de pontuação considerada pessimista. No primeiro caso, o índice subiu 3,2 pontos, chegando a 107,2 pontos. Entre os pecuaristas, a confiança ficou praticamente estável. O indicador desse grupo subiu 1,1 ponto, fechando o ano em 96,2 pontos, situação que permanece há seis trimestres consecutivos.

De acordo com o gerente do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Antonio Carlos P. Costa, “o aumento no grau de otimismo é consequência de uma rara combinação para esta época do ano: boa produtividade nas lavouras e preços em alta, em razão da conjuntura internacional, como a quebra na safra da Argentina de grãos”. No caso dos preços, o indicador de confiança aumentou quase 30 pontos em um ano, mas é importante lembrar que no início de 2017 as commodities agrícolas estavam num momento de baixa. “Outro ponto relevante é que a pesquisa foi encerrada no fim de março, e não captou totalmente o efeito da alta de preços sobre o humor dos produtores, uma vez que a tendência de valorização da soja e do milho se fortaleceu no início de abril”, concluiu Costa.