Os próximos meses prometem ser promissores para as cooperativas brasileiras. Além do histórico positivo na balança comercial, a modalidade deve se beneficiar também do impasse fiscal entre China e Estados Unidos. O assunto foi debatido durante o Encontro Nacional das Cooperativas Agropecuárias, realizado nesta terça-feira, dia 17, em São Paulo.
Mais de 70 líderes de cooperativas de todo o país se reuniram no evento para discutir e traçar estratégias para o setor. A guerra comercial entre chineses e americanos não poderia ficar de fora dessa análise. Na visão da economista-chefe da XP investimentos, Zeina Latif, aliada à queda dos juros, esse fator internacional pode contribuir para o crescimento do agronegócio no Brasil.
Segundo ela, uma enorme janela de oportunidade se abre para o país nesse episódio, tanto para produtos in natura quanto para processados. “O cenário internacional pode trazer um ruído ou outro, mas não a ponto de abortar o cenário benigno desde ano para o país e para o agronegócio”, diz.
O papel das cooperativas no crescimento do agronegócio brasileiro também esteve em destaque. Esse sistema de produção vem mostrando o seu valor no saldo positivo da balança comercial do setor.
O vice-presidente da cooperativa Aurora, Neivor Canton, fez uma análise do atual momento do Brasil. “Vivemos uma etapa importante para a troca de informações e experiências para a adoção de novas práticas. Cada uma das cooperativas presentes neste evento têm experiências a emprestar, basta que os dirigentes assumam essa condição de que nossas empresas devem flexibilizar os negócios e suas atividades para poderem continuar com sua competitividade”, afirma.
O desafio dessas cooperativas é avançar diante de uma das maiores crises enfrentadas pelo país. De acordo com Zeina Latif, o cenário é positivo. “Temos o impacto do corte de juros da economia que ainda vai se ser sentido pelos produtores, pois quando o Banco Central corta juros o impacto não é rápido. Além disso, o mercado consumidor deve ajudar o agronegócio”, diz.
Na visão do presidente da MPrado Consultoria, Marcelo Prado, um dos grandes erros das cooperativas, no entanto, é o subsídio concedido aos cooperados. “São organizações eficientes e competitivas, mas entre as mais endividadas estão aquelas que subsidiam muito os cooperados, pagando um preço acima do mercado por grão e leite que o cooperado produz. Eu alertaria os líderes cooperativistas sobre o subsídio, que pode ser apontado como pecado mortal para a atividade”, diz.
Brasil cooperativo
O Brasil possui cerca de 1,7 mil cooperativas do ramo agropecuário com mais de mil produtores associados. Esse grupo enorme é responsável por 128 mil empregos, sendo que 300 delas faturam acima de R$ 50 milhões por ano e a parceria com grandes empresas tem um papel fundamental para fortalecer e incentivar o surgimento de novos grupos de cooperados.
“Acreditamos e apostamos bastante na parceria com as cooperativas, que já vem de longa data. Nos últimos anos, no entanto, essa aproximação se intensificou fortemente e vem trazendo soluções e inovações para o setor, pois acreditamos no modelo de cooperativismo que existe no Brasil hoje”, afirma o gerente de Marketing da Ihara, Ricardo Hendges.