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Novas altas no dólar não são descartadas por especialistas

Com incerteza eleitoral, a moeda norte-americana tem chance de bater picos ainda maiores do que os registrados até agora

Foto: Pixabay

Ao longo dos próximos meses a taxa de câmbio do real deve se manter bastante correlacionada ao movimento dos ativos de outras economias emergentes e ao noticiário internacional, além do cenário político brasileiro.

“No Brasil, a indefinição do quadro de candidatos, que ainda deve contar com uma indicação de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT), e a possibilidade de eleição de um governo menos reformista e com pouca previsibilidade na política econômica somam-se aos fatores externos como fontes de apreensão”, destacou a INTL FCStone, em relatório especial divulgado nesta terça, dia, 17.

Destaca-se que, segundo dados da pesquisa encabeçada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Ibope, no cenário com lista e com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como indicado do PT, Bolsonaro (17%) e Marina Silva (Rede, 13%) aparecem tecnicamente empatados no primeiro turno. Em vista da rejeição de voto ser relativamente menor para Marina, de 18%, a candidata da Rede Sustentável é quem mostra atualmente maior potencial para vencer as eleições no segundo turno.

“Com a consolidação da perspectiva de vitória da candidata, a taxa de câmbio do real deve manter-se volátil e com viés de alta nos meses que antecedem as eleições”, avalia o analista de mercado da INTL FCStone, Vitor Andrioli.

Em contraponto, a intervenção mais intensa do Banco Central, por meio de leilões de linha e da oferta de novos contratos de swap cambial, pode contribuir para atenuar a trajetória construtiva do dólar no mercado doméstico. Em seus últimos anúncios, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a instituição atuará para garantir liquidez e a tranquilidade nas negociações.

No cenário externo, a perspectiva de desaceleração no crescimento da economia mundial, como resultante da postura protecionista adotada pelo governo americano e das ações retaliatórias de outras economias, reduz o apetite dos investidores por risco e desfavorece as moedas mais fracas.

”Um agravante para essa tendência é a mudança no tom da política monetária do Federal Reserve, que tem caminhado na direção da normalização da taxa de juros em resposta à aceleração da inflação no país e ao mercado de trabalho apertado, assim como pela retirada dos estímulos quantitativos promovidos pelo Banco Central Europeu”, resume Andrioli.