Transporte ruim atrasa prosperidade do Brasil, diz jornal britânico

Agronegócio brasileiro é atrapalhado por altos impostos, burocracia e uma das mais rígidas legislações ambientais do mundoA falta de investimentos na área de transportes é um dos principais obstáculos para o crescimento do "próspero" setor agrícola brasileiro, segundo reportagem do jornal britânico Financial Times em sua edição desta segunda, dia 16.

? Muitos ao redor do mundo estão acompanhando avidamente o despontar do Brasil como uma superpotência agrícola. Mas analistas do país dizem que a produção está chegando a seu limite e que o investimento necessário para o crescimento – especialmente na infraestrutura de transportes – está ficando curto ? diz o diário.

O correspondente do jornal no Brasil entrevistou fazendeiros em Primavera do Leste (MT) que reclamam de ter que desembolsar cerca de US$ 100 por tonelada de produtos a serem transportados por terra aos portos de onde são exportados – o que, segundo eles, custa cerca de US$ 30 nos Estados Unidos.

? Há alguns projetos de transporte ferroviário e hidroviário em construção, mas muitas pessoas estão cansadas de esperar ? afirma a reportagem.

Além disso, segundo o Financial Times, o agronegócio brasileiro é “atrapalhado” por altos impostos, burocracia e “uma das mais rígidas legislações ambientais do mundo”.

? As leis obrigam os fazendeiros a preservar áreas florestais sem receber compensação alguma ? diz o jornal.

? O setor agrícola também enfrenta barreiras comerciais, e o fortalecimento estável da moeda brasileira – especialmente frente ao dólar – está acabando com a competitividade.

O diário britânico ressalta ainda que o Brasil, além de ter se tornado o maior exportador mundial de produtos como soja, açúcar, carne e frango, é um dos maiores produtores com espaço para crescer.

? O país tem 72 milhões de hectares sendo cultivados e outros 172 milhões de hectares dedicados à pecuária. Outros 96 milhões de hectares de terras cultiváveis estão disponíveis sem que se precise tocar em áreas de proteção ambiental ? afirma.

Mas um dos fazendeiros entrevistados pelo jornal diz ter dúvidas sobre “como o Brasil vai cultivar esses 96 milhões de hectares”, apesar de acreditar que o país possa conseguir expandir sua área produtiva em cerca de 50%.