As estimativas de produção mais recentes da consultoria INTL FCStone apontam que a segunda safra de milho no ciclo 2017/2018 deve sofrer uma redução de 17,8%, resultando em uma produção de 55,3 milhões de toneladas, impacto do clima seco durante a etapa de desenvolvimento das lavouras em abril e maio. A oferta total do cereal mais tímida neste ano – estimada pela em FCStone 79,2 milhões de toneladas, 19,1% a menos do que observado em 2017 – reflete em preços mais elevados.
“Entre os principais países exportadores, o Brasil possui atualmente o produto mais caro, cerca de US$ 8 por tonelada acima da cotação na Ucrânia e US$ 21 a tonelada acima dos Estados Unidos”, afirma o analista de mercado, João Macedo.
Como consequência da menor produção e preços mais altos, os dados portuários apontam para uma exportação em julho de 2,12 milhões de toneladas, recuo de 37,7% em relação a 2017. O volume fica próximo dos 1,6 milhão de toneladas exportados em julho de 2016, quando a safrinha sofreu uma quebra mais intensa que a atual.
Tabela de frete
Somado ao fato de que o Brasil está com uma menor oferta e preços mais elevados, a incerteza logística atual também dificulta o escoamento da safra. A primeira tabela divulgada pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), colocando um preço mínimo aos fretes rodoviários, ainda está válida, o que mantém o preço oficial dos fretes no país bastante elevados.
“Ao contrário da soja, o milho possui margens e preços mais reduzidos, o que impede que os produtores internalizem os custos logísticos e aceitem os fretes maiores”, ressalta Macedo.
A maior parte dos relatos ouvidos pela equipe de inteligência de mercado da INTL FCStone indicam que algumas negociações estão ocorrendo com fretes abaixo da tabela, porém, também tem sido relatada uma desaceleração no ritmo de comercialização devido às incertezas causadas pela tabela de fretes, o que tem por sua vez limitado a exportação do milho do Brasil.
Para o mês de agosto, a previsão é que sejam exportadas 2,5 milhões de toneladas de milho, com a maioria dos navios (62%) ainda aguardando para atracar nos portos. Este valor deve crescer com a chegada de novas embarcações, porém, ainda deve ficar abaixo do observado em 2017.