Para a gerente comercial de Alimentos Orgânicos do grupo Pão de Açúcar, Sandra Caíres, o motivo de tanta discrepância está na pequena produção de orgânicos no país.
? Na Europa e nos Estados Unidos, a diferença de custo do orgânico para o convencional fica entre 25% e 40%, no máximo. No Brasil, que ainda está embrionário no setor, as diferenças são absurdas, indo a mais de 100%, porque o país ainda não tem produção em escala ? afirmou Sandra.
Segundo ela, existe dificuldade para conseguir alguns tipos de alimentos orgânicos, principalmente frutas, e colocar à venda na rede de supermercados em que trabalha. Como as culturas frutíferas levam mais tempo para ser produzidas, e não há muito incentivo governamental, poucos agricultores conseguem enfrentar todo o processo até conseguir comercializar a produção, ressaltou.
Apesar de os preços ainda serem altos, o consumo de alimentos orgânicos é uma tendência, afirmou Sandra. E, quanto mais a população for se informando e a escala aumentando, os preços irão cair.
? Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa, onde o consumidor sabe o que é um alimento orgânico e cobra, no Brasil, como esse conhecimento não vem da escola, é o varejo que faz essa oferta. Mas, quando isso acontece, a venda é constante e não tem volta ? afirmou.
Ela informou que, de janeiro a abril deste ano, enquanto a venda de produtos convencionais cresceu 10%, na comparação com o mesmo período do ano passado, a de alimentos orgânicos aumentou 40%.
Para o coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Rogério Dias, muitos supermercados consideram os alimentos orgânicos um nicho de mercado, o que acaba contribuindo para a manter os preços altos. De acordo com o agrônomo, é preciso haver uma rede que integre todos os setores da cadeia produtiva para que exista um mercado justo, como acontece em cidades pequenas, onde o alimento orgânico muitas vezes é vendido nas feiras pelo mesmo preço, ou até mais barato que os demais.