Produtores de maracujá de SP já perderam 40% da produção por causa de vírus

Fruta atingida não consegue ser vendida nem in natura nem para a indústria, devido tanto pela aparência quanto pelo rendimentoProdutores de maracujá do Estado de São Paulo devem trabalhar com um novo sistema de controle da principal praga nos pomares, o Vírus do Endurecimento dos Frutos. O trabalho envolve mudanças no manejo da plantação e conta também com o apoio da pesquisa. Este ano, em plena safra, muitos agricultores já perderam até 40% da produção.

A safra de maracujá na região centro-oeste do Estado vai de novembro a julho. São cinco floradas neste período. Na lavoura do produtor Paulo Sérgio Barbosa, há duas pra se desenvolverem ainda, mas quase metade delas já está perdida.

? A minha expectativa não é muito boa, por causa da incidência da virose que está ocorrendo na plantação de maracujá. Inclusive a minha já foi atacada e está sendo atacada ? disse Barbosa.

O agricultor planta maracujá desde 1990. Era um tempo bom, em que a produtividade chegava a 40 toneladas por hectares. Nesta região, atualmente os produtores tiram em média 10 toneladas.

O culpado por esta queda tão grande na produtividade e na produção como um todo é um inseto bastante conhecido dos produtores de frutas: o pulgão, que é difícil de ser visualizado na plantação, mas que faz um grande estrago. É ele que transmite o vírus.

A fruta atingida pelo vírus não consegue ser vendida nem in natura nem para a indústria, devido tanto pela aparência quanto pelo rendimento.

Angelo Rossi é presidente da Associação de Produtores de Vera Cruz (Afruvec), que fica na região de Marília, em SP. Ele diz que a solução está longe, mas alguns produtores já estão testando um sistema de controle, que só depende do manejo.

Segundo Rossi, a alternativa é cultivar a muda de maracujá em viveiro, protegida do vírus. Apenas quando a planta atingir dois metros é que ela é plantada no campo, já mais desenvolvida e resistente à praga.

? Acho que é viável para os produtores. É uma proposta que nós estamos levando muito a sério e acreditamos que isso, a curto prazo, pode trazer resultados, e quem sabe então retomar a produção de uma forma significativa ? avaliou o presidente da Afruvec.

A pesquisa também é uma esperança para os produtores. Aparecida Almeida trabalha a maior parte do tempo em um laboratório da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, que é ligada a Secretaria de Agricultura do Estado de SP. Ela é pesquisadora, mas faz agora também um trabalho que ela chama de linha de frente com os produtores.

? Aqui nós temos uma clínica. E através dos sintomas da folha do maracujá, nós podemos afirmar se é vírus ou não. Com isso, antecipamos a erradicação desta planta no campo, não permitindo que ela fique doente e transmita a virose para outras plantas, porque é muito rápido o papel do pulgão na transmissão desta doença ? observou Aparecida.

Quando Paulo Sérgio Barbosa começou a trabalhar com maracujá, há 20 anos, uma planta produzia por até cinco anos. Atualmente, mal chega a um ano de produção. A expectativa é de que o trabalho de manejo e a pesquisa aumentem  a vida útil dos pomares em mais dois anos, assim como a produtividade. É a esperança do produtor.

? Olha, se nós não trabalharmos em cima e se o pesquisador não trabalhar em cima, eu não sei se o produtor vai resistir por muito tempo nesta cultura ? desabafou Barbosa.