Sem apoio de Lula, governador em exercício do Distrito Federal admite renúncia

Presidente evita envolver o Planalto no escândalo do mensalão do DEMO presidente Lula evitou nessa quarta, dia 17, dar sinais de que trabalha pela sustentação política do governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM). Desde a semana passada, Paulo Octávio tenta agendar um encontro com Lula.

Assessores do governador chegaram a informar que o presidente o encontraria na quarta, o que não ocorreu. Ainda mais isolado com o movimento do presidente, Paulo Octávio admitiu a interlocutores que a renúncia é fato consumado.

O Planalto não pretende se associar ao escândalo do mensalão do DEM. Para evitar desgastes, o governo vai se manter neutro, à espera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ao pedido de intervenção feito pela Procuradoria-Geral da República.

Em conversas com sua equipe, Lula deixou claro que o governo deve manter uma relação “institucional” e “republicana” com Paulo Octávio. O presidente considera que o assunto está na esfera do Judiciário.

Assessores do Planalto dizem que o presidente tem consciência do interesse de Paulo Octávio em dizer, após uma audiência, que tem o respaldo da União. O presidente decidiu que o encontro, se ocorrer, deverá ter um caráter administrativo, sem caracterizar apoio político.

? Por maiores que sejam as diferenças nos dois casos, ninguém consegue dissociar a figura do governador José Roberto Arruda da do vice ? disse o senador Agripino Maia (DEM-RN), sintetizando a falta de apoio de Paulo Octávio no partido.

O DEM considera insustentável a situação política do governador em exercício, e aprovará seu pedido de expulsão do partido ? se Paulo Octávio não se desfiliar antes da reunião da executiva nacional da legenda, que acontecerá na próxima quarta-feira.

Por outro lado, embora a crise tenha ocorrido no único governo do DEM, Lula prefere ver aliados longe de qualquer movimento contra Paulo Octávio. O presidente não quer o governo envolvido em ações do PT do DF, que tem interesses eleitorais no acirramento da crise em Brasília.

Assessores do Planalto são unânimes em dizer que não há torcida no governo pela intervenção. A hipótese, se confirmada, seria mais um problema para o presidente resolver num ano em que a prioridade de Lula é eleger a ministra Dilma Rousseff.