Protesto paralisa produção da Biopav

Grupo Equipav está atolado em dívidas, que podem chegar a R$ 1,6 bilhãoConsiderado o maior cogerador de energia de bagaço da cana do país, o Grupo Equipav pretende deixar o setor energético sucroalcooleiro e anunciar, até o início de março, os compradores de suas duas usinas, a Equipav, em Promissão, e Biopav, em Brejo Alegre, ambas no Estado de São Paulo. Atolado em dívidas, que podem chegar a R$ 1,6 bilhão, o grupo enfrentou nesta semana um protesto de fornecedores que não receberam o pagamento da cana entregue nas duas últimas safras.

O protesto durou três dias e paralisou a produção da Biopav, a usina mais moderna do país. Cerca de 60 tratores bloquearam a entrada da usina na manhã de segunda, dia 15, e só saíram na tarde de quarta-feira, depois que a diretoria da Equipav prometeu anunciar até o dia 1º de março os nomes dos novos donos e o plano de pagamento da cana. O insumo foi comprado de cerca de 200 fornecedores da Associação dos Fornecedores de Cana da Noroeste Paulista (Norplan).

? Demos ultimato até 1º de março, mas, se até lá eles não cumprirem a promessa, vamos retomar os protestos ? disse o vice-presidente da Norplan, Nelson Perez Júnior.

Segundo ele, os fornecedores entregaram 3,5 milhões das 6,5 milhões de toneladas de cana processadas em meados de 2008 e durante todo o ano de 2009.

? O problema é que, por conta da falta de pagamento, os produtores rurais estão endividados, principalmente com bancos que financiaram o plantio ? disse Perez Júnior.

A dívida das duas usinas chegaria a R$ 160 milhões. Segundo Perez Júnior, o plano prevê o pagamento em 30 dias.

Para se tornar o maior em cogeração, o grupo investiu R$ 650 milhões na construção da Biopav (que começou a operar em outubro de 2008) e R$ 115 milhões na unidade de Promissão. Os dois projetos foram financiados pelo BNDES. Os recursos seriam para pagar a dívida a curto prazo. Esses e outros empréstimos com um pool de bancos coordenados pelo Santander, segundo uma fonte do setor, formariam o grosso da dívida do grupo.

Outro problema seria a venda de energia. Além da venda no mercado livre, a Equipav participou de leilões de Energia de Reserva, onde garantiu R$ 500 milhões em 15 anos. Mas os 27 MW acertados sairiam, a partir de 2010, das usina Biopav e de outras duas, em Goiás e Mato Grosso do Sul. Porém, com a crise, essas duas usinas nem chegaram a ser instaladas, adiando um investimento de US$ 250 milhões.

José Carlos Toledo, diretor da Equipav e presidente da União dos Produtores de Bionergia (Udop), disse que não poderia falar sobre o assunto por causa das cláusulas de negociação das usinas.

?Assim que puder falar sobre o assunto, eu falarei ? disse.

As duas usinas estariam sendo negociadas com um grupo de capital aberto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.