Janeiro costuma ser um mês ruim para a indústria de bens de capital. Porém, dessa vez, segundo a Abimaq, o período foi pior que o esperado. O faturamento em geral caiu 26% em relação a dezembro.
A explicação está na balança comercial do setor. A receita com as exportações foi a pior desde 2003 para um mês de janeiro, fechando em US$ 465 milhões, 30% inferior a dezembro e 31% menor que em janeiro de 2009. Somado a isso, a entrada de máquinas importadas no mercado brasileiro vem crescendo. Nos últimos seis anos, as importações aumentaram três vezes mais que as exportações.
No setor de máquinas agrícolas não foi diferente. O faturamento caiu 18,9% de dezembro para janeiro, fechando em R$ 395,5 milhões. As exportações caíram mais: 22%. Já a queda nas importações foi menor, de 12%.
Se por um lado, as importações vêm comprometendo o desempenho do setor, por outro, podem ser usadas a favor dos fabricantes de máquinas. No início do mês, a câmara setorial de máquinas e implementos agrícolas da Abimaq anunciou que as empresas estão se unindo para importar aço, a principal matéria-prima usada pelas indústrias. A ideia é baratear a produção nacional de máquinas, já que, segundo a entidade, o aço brasileiro é o mais caro do mundo.
De acordo com o presidente da Câmara Setorial, Celso Casale, 30 empresas já aderiram a ideia, entre elas as grandes fabricantes de máquinas agrícolas do país. A primeira importação, de pelo menos 50 mil toneladas de chapas de aço, deve ocorrer no mês que vem.
Casale espera que o produto chegue ao Brasil 20% mais barato que o nacional. Mesmo assim, não há garantia de que o preço final do maquinário agrícola vai diminuir.
Medidas como essa, somadas às linhas de financiamento do BNDES, como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), devem ajudar o setor de máquinas este ano. As empresas associadas à Abimaq planejam investir quase R$ 9 bilhões em 2010, 20% a mais em relação ao ano passado.