Americanos não oferecem propostas após retaliação anunciada pelo Brasil

No entanto, Estados Unidos apontam falta de disposição brasileira de negociarSurgiram poucos indicativos de uma solução negociada nos primeiros desdobramentos da retaliação anunciada nessa segunda, dia 8, pelo Brasil contra produtos dos Estados Unidos.

Embora houvesse expectativa no governo brasileiro, o enviado da Casa Branca que esteve na terça no Itamaraty não apresentou propostas para uma solução alternativa. Congressistas americanos, por sua vez, reclamam que os brasileiros não dizem o que querem para evitar as sanções.

Em nenhuma das reuniões, tanto de nível técnico quanto ministerial, os americanos trouxeram propostas durante visita a Brasília. No entanto, em conversas informais, integrantes do governo brasileiro haviam informado que esperavam ouvir uma oferta de início de negociações para evitar a aplicação de sobretaxas de importação, prevista para o início de abril.

? Não houve proposta. Não era para trazer, pois esta não era uma reunião de negociação. Estamos esperando pela negociação. Tem de vir da parte deles ? disse o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, depois de encontro com o secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, no qual também esteve a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

No site da democrata americana Blanche Lincoln, que preside o Comitê da Agricultura do Senado dos EUA, uma nota assinada em conjunto com o republicano Saxby Chambliss afirma que o governo americano espera que o Brasil inicie o processo. E reforça:

? Não podemos negociar com um parceiro que se recusa a dizer o que quer.

Miguel Jorge relatou que Locke teria garantido que o governo Obama fará em breve uma proposta de negociação. Entre os brasileiros, há consciência da dificuldade de negociar agora com o Congresso uma redução dos subsídios ao algodão, que gerou a sanção. Mas há interesse em evitar a aplicação das retaliações, porque gerariam um ambiente negativo para as relações bilaterais.

Entre as alternativas, estariam vantagens oferecidas a produtos brasileiros no mercado americano ? etanol, açúcar e carnes estariam entre os beneficiados ? e transferência de tecnologia no cultivo de algodão. No caso da carne, estaria em questão a ambicionada queda da barreiras sanitárias à entrada do produto nacional nos EUA. Depois da queixa das indústrias que processam trigo sobre efeitos inflacionários da inclusão do grão entre os que terão alíquota de importação elevada, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, tachou de “terrorismo” a ameaça de alta no pão.