SDE convoca antigo dono da CTM Citrus para esclarecer formação de cartel

Secretaria de Direito Econômico também iniciou abertura do último lote de documentos da CitrovitaEm despacho publicado nesta terça, dia 16, no Diário Oficial da União, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) convocou Dino Tofini, antigo dono da empresa CTM Citrus, para dar detalhes sobre a operação de cartel na indústria de sucos de laranja.

A audiência foi marcada para o dia 22, às 15h30, na sede da SDE, em Brasília. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Tofini, que deixou o ramo de suco de laranja, deu detalhes do cartel operado no início dos anos 90.

A SDE também iniciou nesta terça a abertura do último lote de documentos da Citrovita, empresa produtora de suco de laranja do grupo Votorantim, para dar continuidade às investigações sobre a ocorrência de cartel. Companhias de suco de laranja já vêm sendo investigadas pela Polícia Federal desde 2006, quando foi criada a Operação Fanta. Foi nessa operação que papéis e equipamentos eletrônicos da Citrovita e de outros estabelecimentos da mesma área foram apreendidos para averiguação, com a perspectiva de que pudessem comprovar a existência do esquema.

A abertura desses documentos foi adiada por duas vezes este ano. Na primeira, no início de janeiro, o material não foi divulgado porque representantes da empresa não compareceram ao local indicado pela SDE. Na segunda, em 15 de janeiro, uma liminar do Tribunal Regional Federal de São Paulo impediu o conhecimento do conteúdo da documentação depois de solicitação da empresa. Nesta terça, a abertura de todo o material teve início às 9h da manhã.

A assessoria de imprensa da SDE informou que nenhum integrante comentará a abertura dos lacres das possíveis provas. Depois de avaliação do material, que não tem data prevista para ser concluída, a Secretaria deve emitir nota técnica sobre o caso e encaminhá-lo para análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus) acompanha de perto as investigações.

? O setor agrário é uma das partes mais afetadas pela existência desse cartel ? afirmou o advogado da associação, Marco Conforto.

A expectativa da Associtrus, de acordo com Conforto, é positiva em relação ao andamento das investigações, ainda que se tenha a ponderação de que o fim do processo deva ainda estar longe.

? Mas estamos muito otimistas, pois as provas são muito robustas ? disse.

A Citrovita informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentará nada a respeito do caso alegando que o processo ocorre sob segredo de Justiça.