ONGs negam repasse de verba ao MST

Onyx Lorenzoni questiona presença de Gustavo Augusto de Moura no Instituto Técnico de Estudos Agrários e CooperativismoEm depoimentos nessa semana durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), dois representantes de organizações de agricultores garantiram que os recursos que suas entidades receberam do governo foram aplicados dentro da finalidade dos convênios firmados com o Executivo. Ele negaram as denúncias de desvios dos recursos para o MST.

O presidente da Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca), Ademar Paulo Suptitz, reconheceu, no entanto, que a Anca cedeu salas para o funcionamento do MST em São Paulo.

? Sempre incentivamos os trabalhadores a formarem organizações e, assim, melhorar suas condições de vida. E nosso público-alvo são os assentados da reforma agrária ? disse.

Apuração

O vice-presidente da CPMI, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), voltou a cobrar apuração de irregularidades em repasses de recursos federais para o Instituto Técnico de Estudos Agrários e Cooperativismo (Itac). Ele afirmou que, após a última mudança na diretoria da entidade, o volume de repasses para o MST aumentou. Lorenzoni ainda lembrou que o presidente e o tesoureiro do Itac são representantes do MST no Ministério da Saúde.

O tesoureiro do Itac, Gustavo Augusto de Moura, atribuiu o aumento das receitas da ONG à qualidade técnica dos projetos e contestou as críticas de Lorenzoni.

? Na verdade, está faltando dinheiro para a reforma agrária. Tem pouco dinheiro e pouca ação para a quantidade de pessoas envolvidas.

Tanto Gustavo de Moura como Ademar Paulo Suptitz reconhecem que a CPI da Terra, a CPI das ONGs e a CPI do MST trouxeram prejuízos para a imagem das ONGs. Suptitz argumentou que os casos de irregularidades com recursos públicos não estão restritos a organizações não governamentais. Ele lembra que o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades em mais de 90% das prefeituras brasileiras.

? Há sim problemas administrativos. Lembremos que a Anca lida com um público de assentados e acampados da reforma agrária, instalados em áreas muito distantes. Portanto, problemas de ordem administrativa podem sim acontecer ? admitiu Suptitz.

Ele lembrou que as contas da ONG estão congeladas e que há dois anos não recebe recursos, embora o TCU tenha liberado sua atuação.