Quem planta sabe: se o clima está favorável para o cultivo, pode ajudar também na proliferação das pragas. Por isso que, em algumas lavouras convencionais, a aplicação de defensivos torna-se indispensável.
? Não adianta: se não usar agrotóxico, não produz ? diz o engenheiro agrônomo Rodrigo Werlang.
Porém, o que é fundamental para a produção, pode ser perigoso para a saúde do trabalhador rural. Em 2007, mais de três mil pessoas que lidavam diretamente com agrotóxicos sofreram intoxicação por acidente ou uso durante o trabalho, e 23 morreram.
Antes de manusear o produto, é preciso proteger o corpo com roupas especiais, que impedem o contato com a pele, além de luvas e equipamentos de segurança para os olhos e a cabeça.
? Se você ficar com um produto muito tempo em contato com a pele, ele pode ser absorvido. Se voar uma gotinha no olho ele é absorvido. Se você tiver um ferimento na mão, no pé – onde for – e o produto pingar, você pode absorver, então pode causar problemas ? afirma Werlang.
A reação pode ser ainda mais grave, se o material não estiver dentro dos padrões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Desde julho do ano passado, a Anvisa impediu a comercialização de nove milhões de litros de agrotóxicos, interditando as linhas de produção de seis indústrias.
? Nós encontramos desde componentes utilizados na fabricação que não são autorizados, até matérias-primas que já estavam vencidas. Isso aí pode causar males profundos para o trabalhador rural que está aplicando aquele produto, para o meio ambiente, que está recebendo aquele produto e, com toda certeza, para o consumidor que vai utilizar posteriormente daquela cultura onde foi aplicado este agrotóxico ? explica o diretor da entidade, Agenor Álvares.
O governo quer apertar o cerco às empresas que fabricam agrotóxicos. A Anvisa prepara ações conjuntas com os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente ? que vão verificar a eficiência dos produtos e possíveis danos ambientais. As datas são mantidas em sigilo para não prejudicar o resultado. Mas a promessa é que as operações vão ser mais rigorosas.
? Não é porque a empresa foi fiscalizada no ano passado ou este ano que ela não vai ser fiscalizada mais. Ela será fiscalizada ? finaliza Álvares.