Setor rural pede que governo se mobilize contra Abril Vermelho

Segundo a CNA, entre 2004 e 2009, mais de 1,5 mil propriedades foram ocupadas por integrantes do MST em diferentes regiões do paísRepresentantes do setor rural pediram ao governo medidas urgentes para conter o chamado Abril Vermelho, mês de mobilização pela Reforma Agrária. Desde domingo, 20 fazendas foram invadidas pelo Movimento dos Sem Terra.

O documento protocolado no Ministério da Justiça sugere a criação de um Plano Nacional para Combater Invasões de Terras. A presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), também encaminhou ao ministro Luis Paulo Barreto imagens de fazendas que teriam sido destruídas e também de pessoas agredidas por sem-terras.

Segundo a CNA, de 2004 a 2009, 1.519 propriedades foram ocupadas por integrantes do MST em diferentes regiões do país. Para evitar essas ações, os grandes produtores pedem a atuação da Força Nacional de Segurança e da Polícia Rodoviária Federal.

? No sentido de identificar o movimento antes que a invasão ocorra, para que ela possa ser evitada. Nós estamos cansados do Abril Vermelho, do Carnaval Vermelho, do Natal Vermelho, sem que nada aconteça. Nós estamos pedindo, única e exclusivamente, proteção ? disse a senadora.

A entidade pretende ainda atacar as ações do movimento com uma campanha no rádio e na TV e um abaixo-assinado.

A investida da CNA não para por aí. A entidade anunciou que vai contratar uma assessoria jurídica para acompanhar os processos contra líderes do MST. A intenção é pressionar para que as ações não sejam engavetadas.

No Congresso, parlamentares simpáticos à causa criticaram o Plano Contra Invasões e apoiaram o Abril Vermelho ? mobilização realizada, desde 96, em memória ao episódio de Eldorado dos Carajás, quando 19 manifestantes sem-terra morreram em confronto com a Polícia.

? Eu acho que o movimento tem autonomia e independência para realizar as manifestações que quiserem. Eu acho que tem legitimidade o movimento ? disse o deputado federal Rosinha (PT-PR).

A assessoria de imprensa do MST divulgou nota na qual afirma que a iniciativa da CNA tem o objetivo de criminalizar as lutas sociais e impedir o avanço da reforma agrária. Ainda nesta semana, a comissão pastoral da terra divulga um relatório com dados sobre conflitos no campo ocorridos em 2009. O assunto também vai ser tema de uma audiência pública nesta quarta, dia 14, na Câmara dos Deputados, em Brasília.