? Entre agosto e dezembro do ano passado, praticamente não tivemos colheita por causa da chuva ? relembra o consultor do Sebrae/MS, Gustavo Nadeu Bijos.
Segundo ele, de junho a outubro de 2009 a queda na produção foi de mais de 50%.
A situação teria sido a mesma no começo deste ano para os produtores da região do Bolsão, na parte leste do estado, se não fosse a alternativa encontrada pelos apicultores locais. Em uma parceria com a Fibria, indústria do setor de celulose e papel, os produtores encontraram na integração entre silvicultura e apicultura a possibilidade de aumentar a produção mesmo com o mal tempo.
? Desde o final do ano passado os apicultores colocaram colméias nos corredores dos hortos de eucaliptos da empresa ? relata Bijos.
A área total da plantação é de aproximadamente 240 mil hectares, e oito mil hectares são destinados aos criadores de abelhas.
? O eucalipto tem uma florada muito rápida. Mesmo com uma chuvarada, se der alguns dias de sol já dá pra colher bastante ? conta Wilmar Arantes, apicultor da Associação de Apicultores de Três Lagoas (APITL) que também mantém suas colméias na área da empresa.
? Se não fosse a floresta, agora a gente não estaria colhendo nada.
Além de Arantes, outros 25 produtores das cidades de Brasilândia, Cassilândia e Três Lagoas também integram a parceria que é pioneira em Mato Grosso do Sul, mas que já vem obtendo resultados expressivos em outros estados. Em Capão Bonito, no interior de São Paulo, onde a Fibria firmou o primeiro contrato no País com associações de apicultores, a produção local passou de pouco menos de nove para 50 toneladas em três anos de atividade.
O gerente de agronegócios do Sebrae/MS, Marcus Rodrigo de Faria se surpreende com o relatório parcial da apicultura na região do Bolsão.
? Estima-se que os apicultores vão colher este ano entre 35 e 40 quilos de mel por colméia só com o eucalipto. É o dobro da média nacional, de apenas 16 quilos.
O mel de eucalipto tem um tempo de colheita até duas vezes menor que o tradicional, o que aumenta a produtividade. Mas, segundo Faria, este não é o único fator que contribuiu para os bons resultados.
? Os produtores estão recebendo treinamento para realizar corretamente o manejo das abelhas.
Para o presidente da APITL, Cláudio Koch, apesar dos números promissores a colheita foi apenas mediana comparada ao potencial do eucalipto.
? Ainda estamos colhendo pouco. Se não estivesse chovendo tanto, iríamos atingir facilmente 60 a 70 quilos de mel por colméia ? estima.
A família de Koch está no ramo da apicultura há 20 anos, e ele relembra que a colheita não chegava a 10 quilos nos primeiros tempos. Troca periódica da rainha, substituição de cera, controle sanitário e suplementação nutricional são alguns dos cuidados que os produtores devem tomar para que os resultados sejam proveitosos.
De acordo com Gustavo Bijos, o maior destinatário de toda essa produção crescente de mel na região tem sido o estado de São Paulo, que compra o produto bruto para ser envasado no interior. Além da venda direta para o comércio local, estão sendo estudados projetos para que boa parte da produção seja regularmente adquirida pelo município para a utilização na merenda escolar.