Enquanto acompanha o desenvolvimento da lavoura de milho, que foi comprometido pela estiagem, o presidente da Cooperativa Agropecuária Primaverense (Cooaprima), Sylvio Curioni, calcula os prejuízos deste ano. Os 3,8 mil hectares de soja, colhidos há pouco mais de um mês, produziram em média cinco sacas a menos do que o esperado para cada hectare. Isso significa uma perda superior a R$ 500 mil na receita do produtor. Não bastasse isso, os preços da commodity despencaram e contribuíram para aumentar a preocupação do agricultor.
Sylvio comenta que a produtividade ficou abaixo da média da região. Segundo ele, com a desvalorização de 30% nos preços, os prejuízos serão imensos.
Curioni não é o único a enfrentar este problema. Um estudo feito pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária mostra que a produtividade média no Estado é de 50 sacas por hectare. O agricultor que colheu 45 sacas por hectare e apostou na comercialização pós-colheita teve um prejuízo de R$ 170,00 por hectare. Já quem alcançou a produtividade média e vendeu parte da produção antecipadamente teve sua rentabilidade comprometida: R$ 35 por hectare.
Diferente das perspectivas otimistas para as próximas décadas, que projetam aumento expressivo da demanda mundial por alimentos, a curto prazo o cenário é preocupante. As lideranças da classe produtora afirmam que, com a baixa rentabilidade e o elevado grau de endividamento, a permanência na atividade se tornará cada vez mais difícil e com isso muitos agricultores poderão abandonar o campo.
Descapitalizados e com dívidas que somam R$ 11 bilhões, os produtores de Mato Grosso tentam negociar com o Governo uma maneira de equalizar estas pendências.
Lamentando o momento vivido pelo setor, o diretor da Associação dos Produtores de Soja de MT (Aprosoja), Ricardo Arioli, afirma que se não houver mudanças na política agrícola, o arrendamento acabará se tornando a única solução para até 30% dos agricultores do Estado.