A equipe, coordenada pelo professor Adalberto Pessoa Júnior, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, desenvolveu uma fibra que poderá se tornar um tecido que, com o acréscimo de enzimas e fármacos, tem potencial para ser utilizado como curativo com múltiplas aplicações.
A pesquisa surgiu a partir da iniciativa da professora Silgia Aparecida da Costa, do Curso de Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.
? O objetivo foi aproveitar dois importantes resíduos, o bagaço da cana e a quitosana, substância extraída da carapaça de crustáceos e que tem propriedades farmacológicas ? disse à Agência FAPESP.
O trabalho, que contou com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa ? Regular, uniu as áreas farmacêutica e de engenharia de tecidos e depositou patente do processo de fabricação da fibra com potenciais farmacêuticos.
? O produto se mostrou tecnicamente viável. A avaliação econômica caberá à iniciativa privada, caso alguma empresa se interesse em licenciar o processo ? disse Pessoa, que considera o material útil para tratamento de queimaduras, por exemplo.
A fibra obtida a partir da cana-de-açúcar pela equipe da USP ainda conta com características que a tornam adequada para a confecção de roupas.
Curativos bucais e roupas repelentes
Um grupo de pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP entrou em contato com Pessoa a fim de desenvolver um curativo em parceria para ser utilizado na mucosa bucal.
? O local é de difícil aderência, por isso, vamos testar a fibra para verificar se ela adere no interior da boca ? explicou o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas.
A professora Silgia, por sua vez, pretende agora iniciar uma pesquisa para incorporar citronela a tecidos de algodão. A substância extraída do capim-limão é eficiente para repelir insetos.
? Roupas com citronela seriam úteis para afastar insetos como o mosquito da dengue ? destacou.
Os desafios do trabalho, segundo ela, é fazer com que a substância permaneça na roupa mesmo após sucessivas lavagens e que não seja absorvida pela pele.