A média atual é 20,5% superior à de maio de 2009 em termos nominais e quase 34% maior que a de janeiro de 2010. De janeiro a maio de 2009, o reajuste havia sido de apenas 11%.
Essa nova alta ao produtor decorre novamente da menor captação neste período de entressafra. O clima mais seco e com temperaturas mais baixas prejudica as condições das pastagens. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP/Cepea) recuou quase 2% de março para abril, mas ainda é 4,4% superior ao de abril do ano passado. A captação de leite recuou em quase todos os Estados analisados pelo Cepea. A exceção foi Minas Gerais, onde o volume esteve praticamente estável de um mês para outro. No acumulado deste ano, a quantidade de leite captada nos Estados desta pesquisa aumentou 3,7% em relação ao mesmo período de 2009.
No sul do país, segundo colaboradores do Cepea, a menor produção de leite esteve atrelada à estiagem que atrasou a semeadura de plantas forrageiras, que servem como alimento para o gado no inverno. Para junho, no entanto, produtores gaúchos têm expectativa de aumento na produção. Este é, a propósito, um dos fundamentos considerados por colaboradores do Cepea que acreditam na interrupção das altas dos preços em junho.
Para esse próximo pagamento (junho), 48,8% dos compradores consultados pelo Cepea (representantes de laticínios e cooperativas), que respondem por 41,5% do volume total do leite da amostra, prevêem estabilidade nos preços. Já outros 42% dos agentes, que representam 54,7% do leite da amostra, esperam mesmo queda nos preços de junho, e apenas 8,8% dos entrevistados, responsáveis por 3,8% do volume amostrado, apontaram alta.
Outro indício de que as cotações ao produtor podem perder força é a queda de cerca de 10 centavos por litro ? em algumas regiões, passou de 15 centavos ? para o leite negociado no mercado spot (comercialização de leite cru entre empresas) de abril para maio. Esse mercado representa um “termômetro” para as negociações com produtores, visto que as variações dos preços no spot costumam ser uma antecipação da movimentação dos valores pagos aos produtores. Entre os motivos para a queda no spot, destaca-se a desaceleração das altas do leite longa vida no atacado entre o final de abril e início de maio, devido ao elevado estoque do produto.
No atacado do Estado de São Paulo, após vários meses de expressivos aumentos, o leite UHT valorizou apenas 1,8% de março para abril, com a média passando para R$ 1,74/litro. Os valores médios dos queijos ficaram praticamente estáveis no período: para o mussarela, houve ligeira alta de 0,7%, passando a R$ 9,76/kg em abril, e o prato valorizou 0,5%, com a média a R$ 11,49/kg. O leite pasteurizado foi cotado à média de R$ 1,33/litro em abril, elevação de 4,4%.