Líderes mundiais se reúnem na Alemanha para retomar discussões

Secretário-geral da Conferência da ONU para as Mudanças Climáticas está pessimista com a lentidão das decisõesLíderes do mundo inteiro estão reunidos na Alemanha em busca de um acordo internacional para reduzir as causas e os efeitos do aquecimento global. Depois da conferência conturbada em Copenhague, no último mês de dezembro, o desafio agora é recolocar as negociações nos trilhos.

O clima na Alemanha, em tempos de primavera, é mais agradável que o frio e a neve que os negociadores enfrentaram no último mês de dezembro na Dinamarca, quando foi realizada por lá a COP15. Mas as diferenças ficam apenas do lado de fora do hotel em que está sendo realizada mais uma rodada de negociações da ONU sobre o aquecimento global. Lá dentro, entre as delegações, continua o clima de desconfiança.

O salão da plenária principal fica a maior parte do dia vazio. Os debates mais acalorados acontecem em salas fechadas, onde a imprensa não pode entrar. Dessas salas, saem esboços dos textos que um dia podem virar um tratado internacional contra as mudanças climáticas. O guichê que distribui os documentos tem movimento o dia inteiro.

Entre os temas mais polêmicos, estão os US$ 30 bilhões a curto prazo, previstos no Acordo de Copenhague. É dinheiro que os países desenvolvidos prometeram para os países pobres se adaptarem e cortarem emissões. Só que até agora os recursos não apareceram, e as cobranças na Conferência de Bonn têm sido grandes.

Outro tópico que está longe de ser resolvido é o futuro do Protocolo de Kyoto, que tem validade apenas até 2012. O documento estipula metas de redução de emissões de carbono para vários países industrializados e prevê também punições. Mas ninguém sabe se o protocolo vai ser renovado, alterado ou simplesmente abandonado, como querem os países ricos e como não querem os emergentes, como Brasil, China e Índia.

Com tantos problemas, o diplomata Yvo de Boer, que lidera a Conferência da ONU para Mudanças Climáticas, revela frustração. Com a sinceridade de um funcionário que está para se aposentar do cargo dentro de algumas semanas, Boer disse nesta segunda, dia 7, que questões políticas e interesse socioeconômicos de cada país emperram os avanços.

? Eu não vejo que o processo seja capaz de estabelecer metas de cortes nas emissões na próxima década, mas eu acredito que, um dia, essas metas vão se concretizar. Quando eu estive com mais de 35 chefes de Estado em Copenhague, numa sala fechada, os líderes de países industrializados concordaram que é necessária uma meta de 80% de reduções até 2050, e eu acho que isso é adequado ? diz Yvo de Boer.