Brasil deve se beneficiar com reforma financeira nos Estados Unidos

Projeto, que será apreciado pelo Congresso americano, cria mecanismos de proteção aos clientesMaior reforma dos bancos americanos desde os anos 30, o projeto de mudança do sistema financeiro nasce com expectativa de ultrapassar as fronteiras dos EUA. Seus efeitos devem ser sentidos no mundo, inclusive no Brasil.

Além de submeter o setor financeiro a uma supervisão mais rígida, a proposta do presidente Barack Obama, que deve ser apreciada nos próximos dias pelo Congresso, evitará que bancos se arrisquem excessivamente com seus próprios recursos em aplicações especulativas. Também criará mecanismos de proteção aos clientes ? ganhando tempo para barrar crises como a que acometeu o globo em setembro de 2008.

? É um grande passo. O sistema estará menos suscetível a aventuras. Todos vão ganhar ? resume o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega.

Com o aumento do rigor sobre o sistema, os bancos americanos terão de aumentar sua capitalização, o que elevará seus custos, ou seja, o juro que cobrarão para emprestar. O Brasil, no entanto, está praticamente livre da dependência de financiamento externo, hoje restrito a operações de comércio exterior, o que o deixa de fora de alguma consequência negativa da reforma financeira americana, avaliam Nóbrega e Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central. Atualmente, o Brasil se financia mais com investimentos diretos, por meio do lançamento de ações nas bolsas de valores.

A unanimidade em relação aos efeitos positivos do projeto também ocorre em relação à descrença de que seja um remédio permanente contra crises. A reforma não é garantia para impedir eventuais tombos. É um aparador para crises que poderão vir.

? No curto prazo, vai dar mais segurança, mas os bancos são criativos. Daqui a pouco, vão encontrar alguma forma de burlar a reforma ? projeta Freitas.