Dos recursos para o financiamento de custeio da agricultura, 90% vêm das chamadas exigibilidades bancárias e da poupança rural. A primeira corresponde a uma parcela sobre cada depósito à vista feito nas instituições financeiras, em que os bancos são obrigados a recolher 25% do valor e destinar ao crédito rural.
Com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), os correntistas passaram a fazer mais movimentações aplicando os recursos em fundos ou renda fixa. A quantia retirada da conta corrente fez diminuir o valor arrecadado para o financiamento do crédito rural.
Paralelamente, a poupança rural, outra fonte de recursos, foi prejudicada pela renegociação do endividamento agrícola. O governo calcula que a rolagem das dívidas reduzirá em R$ 2 bilhões a oferta de recursos obrigatórios para a agricultura.
Segundo o diretor do Departamento de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz Araújo, para aplicar a medida provisória junto aos agentes financeiros e administrar a perda da arrecadação com o fim da CPMF, o produtor pode ser prejudicado no início da safra.
? É claro que nesses primeiros dois meses a velocidade do serviço não vai ser tão forte como a gente gostaria, mas em setembro tende à normalidade. O esforço nosso é para que seja mantido o mesmo valor disponibilizado no último ano ? afirma.
Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes, o valor de R$ 29 bilhões disponibilizados para o financiamento do custeio em 2007 é aquém das necessidades atuais do setor. Ele espera ainda que o Plano Safra, que será lançado no final do mês, traga novidades.
? O governo deve rever as suas fontes de financiamento e acho que isto está sendo feito. Não tem sentido ele não ter oferta de crédito. O agronegócio é estratégico na pauta de exportações e no abastecimento do mercado interno e ao suprimento dessa demanda cada vez mais elevado no mundo ? afirma Lopes.