A última crise na suinocultura, no ano passado, deixou o produtor rural Pedro Afonso Tosello no aperto. Ele teve que diminuir o plantel de matrizes e renegociar dívidas no banco. Até as notícias da gripe A interferiram nos negócios.
? Foi uma situação muito difícil, muito delicada porque os preços baixaram muito. Nós chegamos a vender o porco no ano passado 20% abaixo do custo de produção. Isso gerou um prejuízo muito grande ? diz Tosello.
Na época, Pedro procurou o banco. Fez um empréstimo para garantir, pelo menos, a manutenção das matrizes e vai levar dois anos para pagar. Isso sem contar que já possui outras dívidas vencendo.
Para construir um silo na granja, o produtor recorreu ao crédito de investimentos. Isso há cinco anos. Pra manter esta produção, pra comprar ração, o farelo, a soja, o milho, ele usa todos os anos o crédito de custeio. Bom, com dívida nenhum produtor faz investimento. Agora, o custeio ele diz que até consegue, até faz as renegociações, mas a grande dificuldade quando chega ao banco é que o recurso é pouco.
? Atualmente, temos um custeio agrícola da ordem de 10% do que nós necessitamos. De 10 a 15% no máximo ? avalia Tosello.
Na suinocultura, o ciclo de produção é de um ano, da cria até a engorda. Para custear a granja, Pedro Afonso Tosello gasta até R$ 3 milhões neste período. De crédito, só consegue até R$ 400 mil. A maior parte das despesas é ele quem banca. Pagar é outra história, da qual muitos nem conseguem ver o fim. O que não justifica, diz o advogado Henrique Jambiski, que conhece muito bem a situação de produtores como Pedro. Dr. Henrique é especialista em crédito agrícola e afirma que a situação pode muito bem mudar. Pelo menos deveria, já que está na lei.
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? Há necessidade apenas de vontade política. Vontade política de esclarecer estes débitos, de reduzi-los. Não com desconto, não com bônus de adimplemento, mas reduzi-los com o recálculo que a lei obriga e programar o pagamento do que sobrou de dívida pra que o produtor possa pagar trabalhando ? defende Jambiski.
? A expectativa nossa é que seja qual for o presidente, que tenha uma política agrícola voltada mais para a produção. Quer dizer, proteger a produção para nós podermos produzir com um pouco mais de segurança, tanto através de crédito, quanto através de refinanciamentos quando a situação daquele setor fica difícil ? acrescenta Pedro Tosello.