Demanda americana por biocombustíveis não deve beneficiar o Brasil no curto prazo

Agência de Proteção Ambiental dos EUA propôs uma mudança de regras que pode ampliar para quase 8% a participação do produto nos transportes do paísO aumento do uso de combustíveis renováveis nos Estados Unidos não deve beneficiar a produção brasileira de etanol no curto prazo. É o que avaliam especialistas do setor.

Nesta segunda, dia 12, a Agência de Proteção Ambiental Americana propôs uma mudança de regras que pode ampliar para quase 8% a participação dos biocombustíveis nos transportes do país. Porém, os analistas explicam que a nova meta pode ser atendida apenas com a produção local norte-americana.

A quantidade de combustível usada no setor de transporte dos Estados Unidos é de 550 bilhões de litros. Quase tudo é de gasolina. Atualmente, apenas 7,3% disso são biocombustíveis. No caso, etanol de milho, que desde 2008 é misturado à gasolina. Foi quando a Agência de Proteção Ambiental Americana publicou o “RFS”. Na sigla em inglês, Programa Nacional de Combustíveis Renováveis. A meta é chegar a 136 bilhões de litros de biocombustíveis até 2022. Se isso acontecer, o país alcançaria a participação de 24%.

Para atingir a meta, os americanos vêm ampliando o uso de combustíveis renováveis. No ano que vem, deve passar dos atuais 7,3% para 7,95%. Para o analista de mercado de etanol Julio Maria Borges, diretor da Job Economia, isso não traz nenhum impacto para a produção brasileira.

? Essa demanda pode ser atendida com a produção local dos EUA, sem precisar importar ? avalia Borges.

Pode não impactar agora. Porém, há dois detalhes do programa americano que, mais para a frente, devem beneficiar o Brasil. O primeiro é que há um limite para o uso do etanol de milho nos Estados Unidos. O outro é que o programa prevê o uso de biocombustíveis avançados, que reduzem em pelo menos 50% as emissões de gases de efeito estufa. Quem tem essa tecnologia é o Brasil.

? O etanol de cana reduz em 61% as emissões, enquanto o de milho reduz em menos de 30%. E isso pode abrir uma possibilidade de exportação, já que os EUA vão ter que comprar ? diz o presidente do International Ethanol Trade Association (Ietha), Tarcilo Rodrigues.

Entretanto, existe uma outra barreira para a entrada do etanol de cana no mercado americano. É a tarifa de importação de US$ 0,54 por galão de combustível, algo que não deve acabar tão cedo, na opinião dos especialistas.

? Manter essa barreira faz com que o preço do etanol americano aumente, o que contribui para a evolução do etanol de celulose lá nos EUA ? completa Rodrigues.

? Eles vão ter que comprar. Agora, como isso vai ser, se vão retirar a tarifa, não dá para dizer ? finaliza Borges.