Setor pede Pepro para escoar 800 mil toneladas de algodão da safra 2009/10

Subvenção pode ser necessária porque os contratos futuros da ICE vêm registrando fortes perdasProdutores de algodão e indústria pediram nesta quinta, dia 22, ajuda ao governo federal. Com a pluma valorizada no Exterior, os agricultores que venderam a produção no mercado futuro estão tendo prejuízos. Já a indústria afirma que a quebra da safra brasileira comprometerá a confecção de roupas e tecidos.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou uma safra recorde de algodão de 1,26 milhão de toneladas. Mas os agricultores, ao contrário, esperam uma queda de 15% em relação ao ano passado, com a colheita de 1,1 milhão de toneladas. Além da estiagem no Mato Grosso entre março e abril, o frio no Estado castiga as lavouras. E os produtores, que negociaram a safra antecipadamente para financiar o plantio, estão vendo os preços dispararem.

? Ele já teve quebra de safra e sem o apoio do governo como o Pepro, por exemplo, significaria prejuízo. O que poderia acontecer? O produtor não cumprir todos os contratos, porque senão ele entraria em falência e, neste momento, a imagem e credibilidade do Brasil no mercado internacional cai ? afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Para ajuda no problema, p presidente da Câmara Setorial do Algodão, Sérgio De Marco, informou nesta quinta, dia 22, que o setor solicitou ao governo a realização de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) para o escoamento de 700 a 800 mil toneladas da pluma produzida na temporada 2009/10.

? É importante que as operações iniciem o mais rápido possível para apoiar a entrega da safra que está sendo colhida agora e chega ao mercado entre 60 e 90 dias ? afirma De Marco.

Pela proposta, o valor do prêmio seria calculado com base no contrato futuro, base dezembro, da bolsa de Nova York (ICE Futures).

Apesar dos altos preços registrados no mercado disponível, De Marco afirma que a subvenção é necessária porque os contratos futuros da ICE vêm registrando fortes perdas. A posição serve de referência para o mercado, porque este é o período em que o produto chega ao mercado. Em 21 de junho, o contrato fechou o pregão cotado a 79,17 cents/lb, mas já perdeu mais de 7% e encerrou o último pregão a 73,93 cents/lb. Há pouco, o contrato era negociado em baixa de 0,12% a 73,84 cents/lb na bolsa de Nova York.

? Atualmente, o prêmio é calculado com base no indicador Esalq, mas são poucas as empresas que utilizam esta referência. Quase 99% das operações no setor consideram as cotações de Nova York ? afirma De Marco.

Se o governo atender esta demanda, ele calcula que o prêmio ficaria em torno de R$ 6,20 por arroba e o volume total de recursos para realizar a operação atingiria R$ 300 milhões. Segundo ele, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que participou da reunião, disse que o governo avaliará a demanda do setor e deve dar um parecer em até dez dias.

Segundo De Marco, dados apresentados pelo setor na reunião da câmara setorial, realizada nesta quinta em Brasília, indicam que os produtores colheram entre 35% e 40% dos 850 mil hectares semeados no ciclo 2009/10, mas apenas 10% foi beneficiado. Os produtores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul reportaram perdas de 17% a 20% na atual safra. Ele observou que a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica produção de 1,23 milhão de toneladas, mas diante da quebra apurada, o setor projeta 1,1 milhão de toneladas.

Outro assunto discutido na reunião foi a proposta da indústria têxtil de redução na tarifa para importação de 150 mil toneladas na entressafra, entre dezembro até maio de 2011. Segundo ele, o ministro ponderou que tal medida depende da aprovação de outros Ministérios e que a sugestão deve ser levada à Câmara de Comércio Exterior (Camex).