Esta expectativa é notada em regiões que não possuem tanta expressão no cultivo do cereal, como o Mato Grosso do Sul, que hoje é responsável por apenas 1,5% da produção nacional de arroz. Muitos agricultores acreditam que, diante da valorização do grão, esta pode ser uma boa oportunidade para investir na rizicultura. O assunto foi tema do 5º Simpósio de Arroz Irrigado, em Rio Brilhante, a 160 quilômetros da capital Campo Grande. O evento, que acontece a cada dois anos, reuniu produtores e técnicos agrícolas que discutiram mecanismos para incentivar a atividade no Estado.
Segundo o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Orlando Peixoto, é possível aproveitar o cenário favorável e alcançar resultados positivos com a produção de arroz. Mas, para que o investimento não se torne uma aposta arriscada, é preciso levar em conta alguns pontos essenciais, entre eles a sustentabilidade e os custos de produção. O desafio é encontrar uma maneira de tornar o sucesso da atividade independente da demanda do mercado. O primeiro passo é a unificação da classe produtora.
Seguindo a mesma linha, o pesquisador Paulo Hideo Nakano Rangel destaca a importância das parcerias entre iniciativa privada e as unidades de pesquisa em prol do desenvolvimento das novas tecnologias agrícolas. Rangel ilustra a situação com a cultivar BRS JAÇANÃ, que estará disponível para os produtores na próxima safra. Segundo o pesquisador, a variedade foi desenvolvida para a região central do Brasil e pode produzir mais de sete mil quilos de arroz por hectare, um desempenho que comprova o potencial das terras de Mato Grosso do Sul para a rizicultura. O Estado tem uma das menores áreas cultivadas com arroz no país. Na safra 2007/2008 foram plantados apenas 35 mil hectares com o cereal, 15% a menos do que a área cultivada na safra anterior.
Um dos principais ingredientes da refeição do brasileiro, o arroz ocupa papel de destaque nas mesas de todo o mundo. Com a demanda internacional aquecida, superando a oferta, o preço do produto disparou, o que pode refletir na próxima safra do grão, que no Brasil começa a ser cultivada a partir de agosto. A previsão dos especialistas é de que possa haver aumento na área plantada, que nesta safra foi de 2,9 milhões de hectares em todo o país.