Para produtores como André Focaccia, isso representará menor oferta de carne e de lã. O ovinocultor, que cuida da propriedade dos pais na localidade de Suspiro (RS), calcula salvar apenas 200 cordeiros dos 400 previstos para nascer até o final da estação. Em anos anteriores, morriam de 20 a 30 animais. Os cordeiros até nascem normalmente, mas, por causa do clima, morrem nos primeiros dias ou semanas.
Estimativas de Focaccia, com base no valor de R$ 180,00 para cada cordeiro de um ano, apontam para perdas de R$ 36 mil. Isso sem falar dos 600 quilos de lã que deve deixar de produzir daqui a um ano, o que significa mais R$ 3,5 mil.
? Serve de lição. Para o ano que vem, vou me preparar, fazendo mais pastagens, por exemplo ? afirma.
A Cooperativa de Lã Tejupá, de São Gabriel, que tem mais de 4 mil associados no Estado, afirma que esse problema tem sido enfrentado por muitos pecuaristas. Segundo o vice-presidente da empresa, Danilo de Moura, uma das alternativas para contornar a adversidade é justamente investir mais em pastagens para evitar a falta de alimento, além de construir galpões de parição para abrigar as ovelhas e cordeiros recém-nascidos. Outra dica é ter atenção redobrada no tratamento de doenças.
As principais causas de mortalidade
– Ao nascer, o cordeiro deixa o ventre da mãe, que têm cerca de 37ºC, e entra, nos dias de muito frio, em contato com temperaturas de cerca de 1ºC no chão.
– Os animais, que já ficam debilitados devido à escassez de alimento nesta época do ano, produzem menos leite do que o necessário.
– Neste inverno, o rebanho vem enfrentando a chuva em excesso aliada ao rigor das baixas temperaturas. Significa que, nos primeiros dias de vida, o cordeiro fica com a lã encharcada e, com o frio intenso, acaba não resistindo.
– A umidade aumenta a ocorrência de doenças, que debilitam as ovelhas.